"Operación Independencia": o ponto de partida do terrorismo de Estado argentino

50 anos do início do genocídio
“Guerra contrarrevolucionária”
Métodos violentos
Uma manobra das Forças Armadas
Informação manipulada
Operação repressiva em larga escala
Regime de terror
Os alvos
Centros de detenção clandestinos
Um ensaio para a ditadura
Relembrando
50 anos do início do genocídio

Há cinquenta anos, a então presidente da Argentina, María Estela Martínez de Perón, assinou um decreto que mudaria a vida do país nos anos seguintes. O Decreto 261/75 permitiu que as Forças Armadas realizassem ações para “neutralizar e/ou aniquilar” o que eram definidos como “elementos subversivos” em Tucumán, como lembra o Infobae.

“Guerra contrarrevolucionária”

Era o início da "Operación Independencia", iniciativa que aplicava na prática a metodologia de “guerra contrarrevolucionária” da escola francesa. As ações deveriam se concentrar no combate às escassas forças guerrilheiras nas montanhas de Tucumán. Mas não foi bem assim.

Métodos violentos

Na verdade, segundo o Infobae, a operação foi um plano sistemático de repressão ilegal que afetou toda a população da província. Seus métodos eram o sequestro, a tortura, a internação em campos de concentração e o assassinato das vítimas. Seus corpos desapareciam ou eram exibidos como sendo de guerrilheiros assassinados em combates falsos.

Uma manobra das Forças Armadas

A operação foi comandada primeiro pelo General Adel Vilas e depois pelo General Antonio Domingo Bussi. O que parecia ser um decreto concebido pelas profundezas do governo constitucional da viúva de Perón foi, na realidade, uma manobra das Forças Armadas para ter liberdade de ação na região.

Informação manipulada

Em seu livro “Tucumantes – Histórias para superar o silêncio”, a jornalista Sibila Camps explica como ocorreu essa manobra: "As Forças Armadas e especialmente o Exército vinham acompanhando de perto a Companhia de Montanha Ramón Rosa Jiménez, criada pelo Exército Revolucionário Popular. As 'informações' que o Exército repassou ao Executivo foram infladas e inflamadas com dados alarmantes, impossíveis de verificar fora dos serviços de inteligência das Forças Armadas".

Operação repressiva em larga escala

"De acordo com o Aeromilitaria, site sobre a Força Aérea [argentina], 'isso convenceu o governo da necessidade de combater a ameaça de forma orgânica e militar, o que permitiu ao Exército começar a planejar uma operação repressiva em larga escala'", acrescenta a jornalista, citada pelo Infobae.

Regime de terror

Segundo o elDiarioAR, o decreto de Isabel Perón permitiu a ocupação militar de Tucumán: em poucos dias, a província recebeu 5.000 efetivos do Exército, da Gendarmaria e da Polícia Federal, que instauraram um regime de terror marcado pelo desaparecimento sistemático de pessoas.

Os alvos

A Operação Independência se consolidou como um ataque direto a militantes e simpatizantes de organizações políticas, sindicais, estudantis e religiosas. O principal alvo: trabalhadores do setor açucareiro e seus sindicatos.

Centros de detenção clandestinos

Entre 1975 e 1983, Tucumán abrigou aproximadamente 80 centros clandestinos de detenção, incluindo a Escuelita de Famaillá. Mais de 800 pessoas foram sequestradas e torturadas nessas instalações.

Um ensaio para a ditadura

Segundo o elDiarioAR, a extrema repressão em Tucumán foi um laboratório de extermínio para as Forças Armadas, que depois replicaram os mesmos métodos durante a sangrenta ditadura de Jorge Rafael Videla, iniciada em 1976.

Relembrando

Organizações de direitos humanos, juntamente com familiares e vítimas do terrorismo de Estado, realizarão eventos comemorativos durante o mês de fevereiro sob o lema: “As vítimas contaram. A Justiça sentenciou. É história. Operación Independencia, o início do genocídio.”

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