A "arma mágica"da China cuja influência ultrapassa fronteiras
O Departamento de Trabalho da Frente Unida (UFWD) é uma das três chamadas "armas mágicas" da China comunista, de acordo com o atual presidente do país, Xi Jinping, e seu fundador original, Mao Zedong, que o criou em 1942.
Seu objetivo é fazer amizade, subornar ou seduzir, de alguma forma, figuras influentes que possam ser conquistadas para a causa da China, explica o The Guardian. Estas pessoas foram chamadas por Vladimir Lenin de "i d i o t a s úteis".
O UFWD parece ter mirado, em 2023, o príncipe Andrew do Reino Unido, através do empresário chinês Yang Tengbo.
Um juiz do Tribunal Superior britânico declarou, recentemente, que Tengbo havia formado um "grau incomum de confiança" com o Duque de York, relata a BBC.
O Tribunal Superior também confirmou a proibição de Tengbo de entrar no Reino Unido em 2023, apesar de seu apelo e da negação insistente de qualquer irregularidade.
"Não fiz nada de errado ou ilegal e as preocupações levantadas pelo Ministério do Interior contra mim são infundadas", disse em uma declaração emitida por seu advogado.
Entretanto, os vínculos do empresáro com o UFWD certamente despertaram suspeitas. O departamento já foi citado em uma infinidade de casos de espionagem no Ocidente.
Pequim, no entanto, negou que use o UFWD para esse fim – seu propósito original era detectar dissidências dentro da China.
“O trabalho da frente unida é uma mistura única de atividades de influência e interferência”, disse o Comitê Seleto da Câmara dos Representantes, em novembro passado, de acordo com a Rádio Free Asia.
A estação de rádio acrescentou que o UFWD também estava envolvido em “operações de inteligência que o Partido Comunista Chinês usa para moldar seu ambiente político”.
Quando foi criado pelo Presidente Mao, o UFWD foi creditado pela vitória comunista na guerra civil chinesa de décadas, que terminou em 1949.
Depois, foi relegado a segundo plano até ser retomado por Xi Jinping, que o considera uma forma de "construir a mais ampla coalizão possível com todas as forças sociais relevantes", disse Mareike Ohlberg, pesquisadora sênior do German Marshall Fund, à BBC.
Mas, embora não seja exatamente uma organização clandestina, já que registra algumas de suas atividades em seu site, seu alcance e objetivos permanecem obscuros.
Foto: captura de tela do site de transparência Reino Unido-China
Especialistas concordam que parte do foco está na diáspora chinesa, que Xi quer que "conte bem a história da China", em uma tentativa de moldar a opinião internacional sobre questões como o Tibete, as Filipinas e Taiwan.
"O trabalho da Frente Unida pode incluir espionagem, mas é mais amplo", disse Audrye Wong, professora assistente de política na Universidade do Sul da Califórnia, à BBC.
"Além do ato de adquirir informações secretas de um governo estrangeiro, as atividades da Frente Unida se concentram na mobilização mais ampla de chineses no exterior", disse ela, acrescentando que a China é "única em sua escala e escopo" no que diz respeito a esses tipos de atividades.
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