A energia nuclear pode ajudar a evitar as mudanças climáticas?
Temos pouco tempo para salvar o planeta e devemos trabalhar juntos para isso. Essa foi uma das mensagens da COP26, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Glasgow.
Alguns especialistas levantaram uma nova alternativa na luta contra os gases de efeito estufa: a energia nuclear. Seria uma opção arriscada?
Muitos países trabalham para reduzir suas emissões de carbono até 2030, data definida pela ONU como o momento em que os danos causados pela mudança climática passarão a ser irreversíveis.
Quando pensamos em energia nuclear, é comum lembrar do acidente de Chernobyl ou de Fukushima.
Mas os defensores da energia nuclear afirmam que é uma fonte mais eficiente do que a energia solar ou eólica.
Eles também dizem que tirar proveito desta tecnologia pode ser vital para reduzir nossa dependência do carvão e dos combustíveis fósseis, que geram muito mais gases de efeito estufa.
Na imagem, um urso gigante anuncia energia nuclear durante a COP26, em Glasgow.
Os defensores da energia nuclear também afirmam que desastres como o de Chernobyl ficaram no passado. De fato, as pessoas agora podem visitar certas áreas ao redor da usina, abandonada e da cidade fantasma vizinha de Pripyat, com um risco mínimo.
Na COP26, os Estados Unidos anunciaram um plano de investir US$ 25 milhões para construir reatores nucleares em países em desenvolvimento, como Brasil (foto), Quênia e Indonésia.
O Reino Unido juntou-se aos Estados Unidos no apoio à energia nuclear e também revelou um plano na conferência.
O país pretende investir o equivalente a mais de 330 milhões de dólares em reatores nucleares modulares e, assim, alcançar zero emissões de carbono, mais rapidamente.
Entretanto, a União Europeia está dividida quanto à energia nuclear. A França, a República Tcheca e alguns outros estados membros assinaram uma declaração em que concordam com a necessidade de seu uso: "É um recurso vital confiável para garantir um futuro com baixo teor de carbono".
Enquanto isso, a Alemanha lidera a iniciativa antinuclear dentro da UE e espera eliminar completamente esse tipo de energia até o final de 2022. Na imagem, podemos ver uma usina nuclear na Baixa Saxônia.
A Bloomberg informou que a China espera construir 150 novos reatores nucleares nos próximos 15 anos, como parte de seu plano para cumprir as metas de redução de gases de efeito estufa. Atualmente, o país tem apenas 35 reatores.
A empresa americana NuScale apresentou durante a COP26 um novo tipo de reator que promete ser mais seguro e barato do que os encontrados atualmente em usinas nucleares.
Lenka Kollar (imagem), membro da equipe executiva da empresa, apresentou seu projeto durante uma Conferência da ONU sobre Mudança Climática, alguns anos atrás.
Outros projetos apresentados na COP26 pretendem converter antigas usinas de carvão em usinas nucleares modulares. Isso facilitaria a transição da energia de base fóssil para outra muito mais limpa, segundo os idealizadores destes projetos.
Os críticos da energia nuclear apontam que essa fonte de energia produz resíduos que podem permanecer radioativos por milhares de anos. Além disso, as pessoas expostas a eles podem desenvolver câncer.
Outro argumento de quem é contra o uso de energia nuclear é que por mais avançadas que sejam as medidas de segurança, sempre háverá o risco de ocorrer incidentes, como foi o caso de Fukushima.
A revista TIME pediu a opinião de Sergey Paltsev, vice-diretor do Programa Conjunto sobre Ciência e Política de Mudança Global, do MIT, sobre o uso da energia nuclear.
Embora ele acredite que ainda não foi demonstrado que se trata de um tipo de energia limpa, segura e rentável, destacou que "deve ser levado a sério" quando se trata de mitigar as mudanças climáticas.
Os defensores da energia atômica dizem que todos os esforços valem a pena, pois há muito pouco tempo para lutar contra as consequências negativas da mudança climática.