A meticulosa viagem do coração de Dom Pedro I ao Brasil
Pela primeira vez, na história, o coração de Dom Pedro I foi exposto ao público. O evento aconteceu nos dias 20 e 21 de agosto, no salão nobre da Irmandade da Lapa, na cidade do Porto, em Portugal.
(Foto: Câmara Municipal do Porto / Guilherme Costa Oliveira)
Em oito horas após a abertura da exposição, cerca de três mil pessoas compareceram ao local para ver o coração do monarca. Foi o próprio Dom Pedro I quem pediu, em testamento, que seu coração permanecesse na cidade do Porto.
(Foto: Divulgação / Câmara Municipal do Porto / Guilherme Costa Oliveira)
Segundo o jornal Público, o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, comentou sobre o assunto: “Por um lado, acho bem que vá para o Brasil, porque há esta situação das comemorações da Independência.”
Entretanto, Rui Moreira não deixou de ressaltar a experiência de empréstimos anteriores: “Por outro lado, não acho bem, porque sabemos o que aconteceu com as joias que emprestamos (em 2002) à Holanda. Foram roubadas e nunca mais apareceram”.
Após o término da exposição, a relíquia seguiu para Brasília, onde fará parte da comemoração do bicentenário da Independência do país. Para isso, um esquema especial de segurança foi montado.
(Foto: Câmara Municipal do Porto / Guilherme Costa Oliveira)
O coração de Dom Pedro I do Brasil (ou Dom Pedro IV de Portugal) chegou ao Porto em fevereiro de 1835 e raras vezes saiu da capela-mor da igreja de Nossa Senhora da Lapa. Já o resto do corpo está sepultado, desde 1972, na Cripta do Monumento à Independência, no Museu do Ipiranga, em São Paulo.
(Foto: Câmara Municipal do Porto / Guilherme Costa Oliveira)
Primeiramente, em condições normais, para ter acesso ao órgão, que está em um pequeno caixão de mogno, guardado no mausoléu da Lapa, é necessário abrir cinco etapas, fechadas a cinco chaves.
(Imagem: Irmandade da Lapa)
A partir daí, eis o coração que encontra-se então conservado em formol dentro de um recipiente de vidro e, este, dentro de uma espécie de taça de prata dourada.
(Imagem: Irmandade da Lapa)
Sob muita polêmica, os dois países chegaram a um acordo quanto ao traslado e exposição do coração do Imperador, uma vez que alguns aspectos como segurança e conservação poderiam estragar o tesouro português.
Para que o órgão saísse de Portugal, foi criada uma câmara pressurizada e a decisão passou pelo crivo de equipes de peritos do Instituto Médico- Legal do Porto, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Especialistas em medicina legal, anatomia, patologia, histologia, genética e biologia forense e toxicologia forense também foram consultados.
(Imagem: Irmandade da Lapa)
Segundo o jornal O Globo, existe uma preocupação constante com os locais onde a relíquia ficará exposta, bem como a pressurização dos voos — que pode alterar o estado do material já bastante antigo.
(Imagem: Irmandade da Lapa)
O traslado do coração de Dom Pedro I foi feito por um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), na madrugada do dia 22 de agosto. O Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, foi pessoalmente entregá-lo no destino.
Ao chegar ao Brasil, a relíquia foi recebida com honras militares, como se o “Rei Soldado” estivesse vivo. Da base aérea, seguiu para o Palácio de Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Depois, o coração de Dom Pedro I irá para o Itamaraty, de onde seguirá rumo a uma cerimônia no Palácio do Planalto, sede da Presidência.
Após a cerimônia no Planalto, o coração regressa ao Itamaraty, onde será apresentado ao corpo diplomático e ficará em exibição “controlada” até às comemorações do 7 de Setembro.
Quase todas as cerimônias serão acompanhadas pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira. A relíquia terá vigilância 24 horas, em esquema específico montado pela polícia do Porto, sob os cuidados do Comandante de Antonio Leitão da Silva (foto).
O coração de D. Pedro I, o primeiro imperador do Brasil, e quem declarou a Independência do país, deverá regressar à cidade do Porto no dia 9 de setembro. Lá, novamente, será exposto, nos dois dias seguintes, antes de voltar a ser guardado.