A descoberta de um medicamento com eficácia quase total contra o HIV
Um novo estudo revelou que uma injeção semestral contra o HIV conseguiu reduzir o risco de infecção em 96%.
O estudo clínico, que aborda um método de prevenção pré-exposição (PrEP), foi publicado no dia 27 de novembro de 2024, no The New England Journal of Medicine (NEJM).
A pesquisa, de fase 3, foi conduzida para avaliar a eficácia e a segurança do novo tratamento em um amplo grupo de participantes.
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Chamado de Purpose-2, o estudo é o segundo a comprovar a alta eficácia do medicamento lenacapavir na prevenção da infecção por HIV.
O lenacapavir, desenvolvido pela farmacêutica americana Gilead Sciences, é um medicamento injetável semestral que age como inibidor de fusão capsídea, publicou a CNN.
Isso significa que ele bloquea a cápsula de proteína que protege o material genético do HIV e impede sua replicação.
Em julho de 2024, o ensaio clínico Purpose-1 foi conduzido em três localidades de Uganda e 25 regiões da África do Sul e já havia demonstrado 100% de eficácia entre mulheres cisgênero.
Já no Purpose-2, o lenacapavir semestral foi testado em um grupo mais diversificado, abrangendo participantes de diferentes gêneros, como homens cis e pessoas t r a n s, além de diversas origens étnicas, relatou o site UOL.
A pesquisa foi realizada em 88 centros distribuídos por países como Peru, Brasil, Argentina, México, África do Sul, Tailândia e Estados Unidos.
Durante o estudo, 2.179 participantes foram tratados com lenacapavir, enquanto 1.086 receberam Truvada, o mais conhecido medicamento oral de uso diário para profilaxia do HIV, disponível pelo SUS, informou o UOL.
No grupo que utilizou o lenacapavir, foram registrados apenas dois casos de infecção pelo HIV, o que equivale a 99,9% dos participantes do grupo do lenacapavir que não contraíram o HIV.
Em contraste, no grupo do Truvada, com cerca de metade do número de participantes, ocorreram nove infecções.
O ensaio mostrou que as duas infecções no grupo do lenacapavir ocorreram após a primeira injeção, mas antes da segunda, sendo diagnosticadas por testes padrão de HIV.
Já no grupo do Truvada, as nove infecções estavam associadas à baixa adesão ou interrupção do uso do medicamento mais de 10 dias antes do diagnóstico, relatou a CNN.
Assim, além de sua eficiência, o lenacapavir também reduz o risco de falhas na adesão, algo comum com medicamentos orais como a pílula anticoncepcional. Na prática, é mais simples lembrar-se de uma injeção semestral do que de um comprimido diário.
"Ter uma injeção eficaz que só é necessária duas vezes ao ano é muito significativo para pessoas que têm dificuldades de acesso a cuidados de saúde ou de seguir tomando pílulas diariamente", afirmou Colleen Kelley, autora principal do estudo e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Emory, publicou o UOL.
Atualmente, o lenacapavir é aprovado em vários países para tratar adultos com HIV multirresistente em combinação com outros antivirais. Seu uso como profilaxia, porém, ainda está em fase de estudos e aguarda aprovação das agências reguladoras.
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