A severa mensagem de Xi Jinping a Putin
O líder chinês Xi Jinping enviou sua mais dura e clara mensagem à Rússia desde o início da invasão ucraniana, segundo o South China Morning Post.
“A comunidade internacional deve se opor conjuntamente ao uso ou ameaças de uso de armas nucleares”, disse Xi durante uma reunião com o chanceler alemão Olaf Scholz.
“As guerras nucleares não devem ser travadas, a fim de evitar uma crise nuclear na Eurásia”, completou Xi Jinping.
Embora o presidente da China não tenha se dirigido diretamente a Putin, segundo o The New York Times, a Rússia tem mais de 2 mil táticas nucleares, e líderes militares em Moscou vêm discutindo a possibilidade de usá-las na Ucrânia.
Esta não é a primeira ruptura entre Pequim e Moscou, desde o início da guerra. A China, tradicionalmente aliada da Rússia no cenário internacional, fez, em setembro, um apelo às Nações Unidas para negociações de paz na Ucrânia.
A Al Jazeera informou, na época, que o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, havia solicitado aos governos de Moscou e Kiev “impedir que a crise se espalhasse” para os países em desenvolvimento.
“A China apoia todos os esforços conducentes à resolução pacífica da crise na Ucrânia. A prioridade urgente é facilitar as negociações para a paz”, disse Wang na Assembleia Geral das Nações Unidas.
“A solução fundamental é abordar as preocupações legítimas de segurança de todas as partes e construí-la de forma equilibrada, eficaz e sustentável”, acrescentou o ministro das Relações Exteriores da China.
Wang encontrou-se com Dmytro Kuleba, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, no que o The Guardian descreveu como suas primeiras conversas desde o início da guerra.
Isso ocorreu após uma investigação da ONU, depois de entrevistar 150 vítimas e testemunhas, onde foram encontradas evidências de que a Rússia havia cometido crimes de guerra na Ucrânia.
Desde então, e com a mobilização parcial do exército russo, a China enfrentou mais pressão do Ocidente para alavancar sua relação com a Rússia e convencer o presidente Vladimir Putin a encerrar a guerra na Ucrânia.
Após o relatório da ONU sobre as violações dos direitos humanos na Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reclamou do sentimento anti-russo vindo da maioria dos países ocidentais.
“A russofobia oficial no Ocidente é sem precedentes”, declarou Lavrov na ONU, segundo a Al Jazeera.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia acredita que o Ocidente quer "destruir e fraturar a Rússia”.
No passado, a Rússia e a China haviam se aproximado, em parte, por um antagonismo comum em relação aos Estados Unidos.
Em 2019, o líder chinês Xi Jinping descreveu o presidente russo Vladimir Putin como “seu melhor amigo”.
Segundo a Associated Press, Xi e Putin assinaram um tratado, algumas semanas antes de a Rússia invadir a Ucrânia, onde se comprometeram a “apoiar-se fortemente” na “estabilidade estratégica internacional”.
China e Rússia participaram, em setembro, de operações militares conjuntas, conhecidas como Vostok 2022.
Nelas, mais de 140 mil soldados foram mobilizados para a costa do Pacífico para “proteger as comunicações marítimas, áreas de atividade econômica marinha e apoiar a tropas terrestres em áreas litorâneas”.
No entanto, o New York Times diz que Putin admitiu que o governo chinês tinha “perguntas e preocupações” sobre as operações militares especiais da Rússia na Ucrânia.
Além disso, oficiais de inteligência dos EUA afirmaram que a China respeitou o embargo ao fornecimento de armas à Rússia, forçando o Kremlin a adquirir seus equipamentos militares do Irã e da Coreia do Norte.