A Terra caminha para problemas climáticos que já colapsaram correntes oceânicas vitais no passado
Um estudo publicado na Nature Communications revela semelhanças entre as mudanças climáticas atuais e as enfrentadas pela Terra antes da última era glacial.
Os pesquisdores explicaram que, no passado, o enfraquecimento das correntes oceânicas críticas do Atlântico desencadeou efeitos colaterais, resfriando o Mar Nórdico enquanto aquecia as águas ao redor.
Crédito da foto: Wiki Commons Por Dr. Michael Pidwirny, Domínio Público
De acordo com o novo estudo, publicado em 27 de outubro, o mundo pode estar prestes a lidar com um destino semelhante ao descrito pelos pesquisadores: o colapso de correntes oceânicas vitais.
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"O resultado do nosso estudo é realmente preocupante em relação ao que nos aguarda", afirmou Mohamed Ezat, autor principal do estudo, em um e-mail à Live Science.
Durante o Último Período Interglacial, que ocorreu de 130 a 115 mil anos atrás, a Terra passou por um período de calor caracterizado por altas temperaturas, altos níveis do mar e uma camada de gelo muito menor do que a que temos hoje.
Especialistas em clima alertam que estas condições climáticas podem se repetir em um futuro próximo, caso os países não reduzam as emissões de gases de efeito estufa e não limitem o aumento da temperatura global.
A quipe de Ezat analisou o Último Período Interglacial e descobriu que, há cerca de 128 mil anos, o derretimento acelerado do gelo no Ártico teve um impacto significativo na "reversão da circulação nos mares nórdicos".
Segundo a Live Science, o Mar Nórdico, que abrange os mares da Groenlândia, Islândia e Noruega, desempenha um papel crucial na Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), uma corrente oceânica vital para a vida na Terra.
Crédito da foto: Wiki Commons Por R. Curry, Woods Hole Oceanographic Institution/Science/USGCRP, CC BY 3.0
A AMOC transporta águas quentes do sul para o norte e frias no sentido inverso, em um ciclo que aquece regiões do planeta e distribui nutrientes essenciais para a vida marinha, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).
Um desaceleramento da AMOC poderia provocar a elevação do nível do mar e causar secas que afetariam milhões de pessoas. Infelizmente, a AMOC já está a desacelerar, conforme apontou o estudo, e o derretimento do gelo desempenha um papel crucial nesse problema.
Em outubro de 2024, 44 cientistas do clima alertaram, em uma carta aberta ao Conselho Nórdico de Ministros, sobre o risco iminente de colapso da AMOC, destacando que grande parte das pesquisas realizadas subestima a gravidade do problema.
Crédito da foto: Wiki Commons Por NASA Scientific Visualization Studio, Domínio Público
"Uma mudança tão drástica na circulação oceânica teria impactos devastadores e irreversíveis, afetando especialmente os países nórdicos, mas também outras regiões do mundo", alertaram os cientistas em sua carta.
O novo estudo de Ezat e sua equipe revelou, com base em dados existentes e amostras de sedimentos do Mar da Noruega e do Atlântico Norte, que o derretimento do gelo do Ártico bloqueou as correntes oceânicas profundas durante o Último Período Interglacial.
O estudo concluiu que o bloqueio das correntes oceânicas profundas desacelerou a AMOC, reduzindo o fluxo de calor para o Hemisfério Norte. Esse cenário é semelhante ao que o mundo pode enfrentar em um futuro próximo.
"Em resumo, identificamos um resfriamento nos mares nórdicos e conseguimos associá-lo ao aquecimento global e ao aumento do derretimento do gelo marinho", afirmou Ezat à Live Science.
"O clima do planeta é um equilíbrio delicado, e a ação climática é urgente", alertou Ezat, acrescentando que o enfraquecimento severo da AMOC é um cenário provável, com graves consequências para as regiões de alta latitude e além.
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