A vacina que prolonga a vida de pessoas com câncer no cérebro

Um ensaio clínico, liderado pelo Professor Keyoumars Ashkan, neurocirurgião do hospital King's College, em Londres, chegou a resultados animadores com relação ao tratamento do câncer no cérebro.

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Trata-se de uma nova vacina, chamada DCVax, a primeira que parece dar, aos pacientes, vários anos de sobrevida, quando comparado com o tratamento comum. Os resultados foram publicados no final de 2022, no Journal of American Medical Association Oncology.

O glioblastoma é o tipo de tumor que atinge o Sistema Nervoso Central e pode comprometer a medula espinhal ou o cérebro, com crescimento invasivo. É o tumor cerebral primário mais letal e mais comum em adultos.

Ao todo, os testes duraram 8 anos e foram conduzidos em 4 países, de agosto de 2007 a novembro de 2015. Já a análise dos dados foi realizada de outubro de 2020 a setembro de 2021.

O ensaio clínico testou 331 pacientes, todos diagnosticados com glioblastoma. Destes, 232 receberam a vacina e 99, um medicamento placebo.

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O Professor Ashkan, líder do estudo, revelou ao The Guardian: "Os resultados são surpreendentes, oferecem uma nova esperança aos pacientes que lutam contra o glioblastoma."

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Além do seu trabalho clínico, Ashkan também está envolvido na investigação e no desenvolvimento de novos tratamentos para tumores cerebrais e para a doença de Parkinson.

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O grupo dos pacientes que recebeu a vacina viveu cerca de 1 ano e 6 meses, após terem sido diagnosticados com o tumor. Já o grupo do placebo sobreviveu em média 1 ano e 3 meses. A diferença parece pequena, mas em termos percentuais, os resultados são significativos.

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Além disso, 13% dos participantes vacinados viveram, no mínimo, cinco anos após o diagnóstico. Enquanto que, entre os não vacinados, apenas 5,7% chegaram a esta longevidade.

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Sobre a nova vacina, a revista Super Interessante publicou: "A DCVax faz com que o sistema imunológico do corpo seja programado para rastrear e atacar o tumor. É o primeiro método desenvolvido com essa estratégia."

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"A vacina é produzida através da combinação de proteínas do próprio tumor do paciente com os seus glóbulos brancos. Isto educa os glóbulos brancos a reconhecerem o tumor e, assim, atacá-lo", explica Ashkan, ao The Guardian.

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As técnicas de imunoterapia parecem surtir um efeito excepcional. O Professor Ashkan salienta que "o sistema imunológico é o mais inteligente conhecido pelo homem".

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O otimismo é mais que justificado. Segundo o artigo, o tratamento padrão para o glioblastoma recém diagnosticado inclui cirurgia, radioterapia, e quimioterapia. Normalmente, após a cirurgia inicial, os tumores tendem a voltar, em 6 a 8 meses, e a média de sobrevivência é de apenas 15 a 17 meses.

Entretanto, a vacina ainda não está disponível no Sistema de Saúde Nacional da Inglaterra, o NHS (National Health Service, em ingês).

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Depois de ser testada, a vacina ainda demora um tempo até chegar aos hospitais e centros de saúde. A empresa estadunidense que fabricou a DCVax, Northwest Biotherapeutics, planeja conseguir autorização para que o medicamento esteja disponível o quanto antes.

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De acordo com o The Guardian, "se aprovado pelos reguladores médicos, a DCVax seria o primeiro novo tratamento em 17 anos para doentes com glioblastoma recentemente diagnosticado e o primeiro, em 27 anos, para as pessoas com reincidência".