A controversa origem das peças de mísseis russos
De acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia, a Rússia lançou cerca de 60 mísseis balísticos norte-coreanos KN-23 (Hwasong-11Ga) contra o país desde o início de 2024, relatou a CNN, em 23 de novembro.
Estes KN-23 representam um terço dos 194 mísseis balísticos usados pela Rússia para atacar alvos no país, desde o início do ano, com base na contagem da CNN de ataques reconhecidos publicamente.
O maior pico de ataques russos com estes mísseis ocorreu em agosto e setembro.
O atual chefe de comunicações interino das Forças Aéreas Ucranianas, Yuriy Ignat, confirmou a informação à CNN e acrescentou que, por outro lado, a Rússia tem diminuído o uso de mísseis de cruzeiro.
Se a Rússia está a ficar sem mísseis de cruzeiro, não se sabe, mas o fornecimento constante de KN-23s permitiu que Moscou mantivesse a pressão sobre a Ucrânia.
O KN-23 é um míssil menos sofisticado, comparado aos mísseis de cruzeiro que Moscou havia usado anteriormente contra a Ucrânia, de acordo com a CNN. No entanto, ainda são uma arma muito perigosa.
De acordo com a Missile Threat, o KN-23 é um míssil balístico de curto alcance, testado, pela primeira vez, pela Coreia do Norte, em 2019.
Crédito da foto: Wiki Commons por 朝鮮人民軍 - 朝鮮中央テレビ, domínio público
O KN-23 tem um alcance máximo de 690 quilômetros e suporta uma carga útil de 500 quilos.
As especificações do KN-23 o tornam aproximadamente equivalente ao Iskander-M da Rússia, um míssil que foi usado no ataque mortal de junho de 2023 a um restaurante em Kramatorsk, no qual 13 pessoas morreram e 65 ficaram feridas, de acordo com a Reuters.
Mas o mais surpreendente é a descoberta de que uma série de componentes encontrados em destroços de KN-23 tinham origem ocidental.
Estes fabricantes são dos Países Baixos, Reino Unido e dos Estados Unidos, de acordo com a Comissão Independente Anticorrupção da Ucrânia.
“Tudo o que funciona para guiar o míssil, para fazê-lo voar, são todos componentes estrangeiros. Todos os eletrônicos são estrangeiros”, disse Andriy Kulchytskyi, chefe do Laboratório de Pesquisa Militar do Instituto de Pesquisa Científica de Perícia Forense de Kiev, à CNN.
“A única coisa coreana é o metal, que enferruja e corrói rapidamente”, acrescentou Kulchytskyi.
Uma autoridade não identificada da Inteligência de Defesa da Ucrânia confirmou a informação à CNN.
“Provavelmente, 70% dos componentes são americanos, de empresas bem conhecidas, mas também há outros feitos na Alemanha e na Suíça”, explicou.
De fato, o grupo Conflict Armament Research, sediado no Reino Unido, também observou, em fevereiro de 2024, que cerca de 75% dos componentes de um dos primeiros mísseis norte-coreanos disparados contra a Ucrânia pela Rússia eram fabricados por empresas sediadas nos Estados Unidos.
Crédito da foto: Conflict Armament Research
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