As tropas da Ucrânia envelhecem e isso não é bom
A Ucrânia enfrenta uma série de desafios para se proteger da Rússia em 2024 e um dos maiores deles está relacionado à idade de seus soldados nas linhas de frente.
Atualmente, o país não só sofre com a escassez de soldados, como também por seus militares serem muito mais velhos e menos capazes do que quando a guerra começou, em 2022.
Em março de 2022, o Financial Times informou que a idade média de um soldado ucraniano estava entre 30 e 35 anos, enquanto a idade média do russo enviado para lutar na Ucrânia estava entre 20 e 25 anos.
Em novembro de 2023, uma reportagem da revista Time revelou como este cenário mudou para a Ucrânia.
A Ucrânia não divulgou quaisquer números oficiais de mortos e feridos, desde o início do conflito, mas sabemos que as baixas consistentes têm atormentado a juventude das Forças Armadas ucranianas.
“Isso corroeu tanto as fileiras das Forças Armadas da Ucrânia que os recrutadores foram forçados a convocar pessoal cada vez mais velho, aumentando a idade média de um soldado para cerca de 43 anos”, diz o artigo da Time, assinado por Simon Shuster.
Um assessor ucraniano próximo do presidente Volodymyr Zelensky explicou que aqueles que foram chamados para lutar eram “homens adultos, agora” e não os “mais saudáveis para começar”.
O assessor prosseguiu: “Esta é a Ucrânia. Não a Escandinávia". Este problema tem tido um impacto seriamente negativo na capacidade de vitória da Ucrânia.
Uma combinação de corrupção e isenções políticas que protegeu muitos habitantes urbanos de classe média também pode haver contribuído para esta situação, segundo o Wall Street Journal.
Um número desproporcional de recrutados são homens de meia-idade, residentes em pequenas cidades ou aldeias, que não tinham dinheiro para comprar sua saída da guerra.
Soldados veteranos que lutam contra a Rússia, desde que Putin fez seus primeiros movimentos no leste ucraniano, em 2014, disseram ao Wall Street Journal que os novos recrutas, muitas vezes, já haviam passado do seu apogeu físico.
“A qualidade dos substitutos não é boa”, explicou um soldado de infantaria que estava na linha de frente perto da cidade ucraniana de Avdiivka. “São rapazes da zona rural, com idades entre 43 e 50 anos, às vezes com problemas de saúde.”
Um soldado disse ao Wall Street Journal que os líderes do país precisavam ordenar uma mobilização total, ou, do contrário, era improvável que a Ucrânia conseguisse vencer o conflito.
De fato, durante a conferência de imprensa de fim de ano, em 19 de dezembro de 2023, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou que a liderança militar pediu uma mobilização de cerca de 500 mil novos soldados.
A Ucrânia já tem cerca de um milhão de soldados na guerra, enquanto a Rússia, um milhão e meio, segundo a Reuters.
Adicionar mais 500 mil pessoas poderia equilibrar a estratégia, ou pioraria a situação, tendo em vista a idade dos possíveis recrutados?