Assim era a cidade construída pela Ford em plena Amazônia
Figuras como Mark Zuckerberg ou Elon Musk procuram aplicar seu dinheiro e conhecimento para transformar a sociedade. O que poucos sabem é que, muito antes deles, Henry Ford tentou ir além.
Em 1928, Henry Ford não era apenas um líder da indústria, seu Ford Model T, produzido em massa, foi um marco para o setor, redefinindo o processo de fabricação industrial por décadas.
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Conforme explicou o The Guardian, o fundador da Ford Motors procurou fazer plantações de borracha para baixar os preços dos pneus dos automóveis.
Imagem: Ivars Utināns / Unsplash
Mas não apenas isso. Ele queria construir uma cidade, projetada com base em sua filosofia de ética de trabalho e valores americanos. Essa cidade-empresa utópica seria batizada com o modesto nome de Fordlândia.
A Fundação Henry Ford relatou que o fundador da Ford Motors negociou um acordo com o governo brasileiro, conseguindo uma concessão de um milhão de hectares no meio da selva amazônica.
Imagem: wawa01/Unsplash
A Fordlândia foi fundada em 1928, no estado do Pará, no norte do Brasil. Planejada para abrigar 10 mil funcionários, a cidade seria o centro de operações de borracha da Ford.
Centenas de trabalhadores locais vieram para Fordlândia, com a promessa de bons salários, refeições e moradia gratuitas. No entanto, inicialmente, receberam muito mais do que esperavam.
Segundo o The Guardian, a Fordlândia contava com hospitais modernos, escolas, geradores de energia, caixa d'água, piscina e até campo de golfe.
Na foto: As ruínas do hospital de Fordlândia, que já foi considerado o mais moderno da América do Sul.
Uma área residencial, chamada Vila Americana, foi construída para abrigar os administradores estadunidenses, com água encanada. Enquanto isso, os trabalhadores brasileiros locais eram obrigados a se contentar com água de poços.
Ao mesmo tempo, a Fordlândia também tinha regras muito rígidas. Álcool, tabaco, futebol e mulheres solteiras não eram permitidos dentro dos limites da cidade.
Logo, os trabalhadores locais contornaram estas regras criando a 'Ilha da Inocência', um local com bares, discotecas e bordéis, localizado a oito quilômetros de Fordlândia.
Como explicou a Fundação Henry Ford, os brasileiros tiveram problemas para se adaptar ao estilo de vida americano.
O entretenimento consistia em atividades como palestras públicas, leituras de poemas e danças de salão!
Imagem: Das coleções do Henry Ford.
A Ford Motors Company também insistia que os funcionários cumprissem um expediente de oito horas, em vez de trabalharem nas primeiras horas da manhã e na parte da tarde, para evitar as horas de sol.
Imagem: leonbeckert/Unsplash
As refeições, oferecidas gratuitamente, também seguiam o padrão da culinária dos EUA. Os trabalhadores locais, pouco familiarizados com hambúrgueres e alimentos enlatados, reclamavam de desconforto estomacal.
Como tempo, as tensões aumentaram entre os trabalhadores locais e os administradores estrangeiros. A certa altura, os brasileiros danificaram edifícios e houve até uma ameaça de intervenção militar.
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Imagem: Das coleções do Henry Ford.
As plantações de seringueiras também tiveram um começo difícil. As práticas agrícolas baseadas no conhecimento estrangeiro foram um fracasso e não alcançaram nem de longe os resultados esperados.
Imagem: isuru18/Unsplash
Na tentativa de salvar o plano utópico, os gestores contrataram um especialista em agricultura tropical, além de implementarem políticas mais flexíveis, incluindo a criação de uma nova cidade, Belterra. No entanto, a empreitada de Henry Ford estava fadada ao declínio.
A Ford Motors abandonou oficialmente a cidade em 1945, após abrigar militares dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Naquela época, os pneus dos carros eram feitos com borracha sintética, tornando obsoleta a principal unidade econômica da Fordlândia.
Em 2023, o The Washington Post informou que cerca de 2 mil pessoas ainda vivem em Fordlândia. Muitas delas são descendentes empobrecidos dos antigos trabalhadores de Henry Ford.
As casas e edifícios desta antiga utopia industrial estão, agora, abandonados, sendo lentamente engolidos pela selva.
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