Campos minados russos na Ucrânia têm efeito contra a própria Rússia
Um dos maiores obstáculos para a contraofensiva ucraniana, nos últimos meses, foi o grande número de minas que as forças russas utilizaram nos seus redutos defensivos.
Minas antiveículos e antipessoas estão espalhadas pelas rotas de ataque das Forças Armadas da Ucrânia, e o principal general de Kiev reconheceu que a elas se deve o progresso muito lento da operação.
“Não se pode fazer nada apenas com um tanque blindado, porque o campo minado é muito profundo”, explicou o general Valerii Zaluzhny ao The Washington Post, em 15 de julho.
O General Zaluzhny é o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia e prosseguiu dizendo que qualquer blindagem acabou por ser detida por minas e depois “destruída por fogo concentrado”.
Foi o que aconteceu durante uma das primeiras grandes derrotas da Ucrânia, no início da contraofensiva do país, perto da aldeia de Mala Tokmachka, no final de julho.
No entanto, a estratégia russa de defesa dos campos minados está, agora, a funcionar contra os seus próprios objetivos militares.
“Os russos minaram tanto o sul que também não conseguem avançar”, disse Mark Voyger, ex-conselheiro do general Ben Hodges do Exército dos EUA para a Europa, à Newsweek.
Crédito da foto: Facebook @lvivSF
“As suas forças vão acabar nos mesmos campos minados que colocaram tão pesadamente, de forma tão massiva, em todo o sul”, continuou Voyger.
A Voyger explicou ainda que, mesmo que a ofensiva ucraniana pare, há uma boa probabilidade de a Rússia não tentar recuperar as terras que perdeu.
“Mesmo que os russos quisessem contra-atacar, não creio que pudessem fazê-lo agora, com todas as fortificações pesadas e campos minados que têm lá”, acrescentou Voyger.
A Rússia está atualmente presa à sua linha de defesa no sul, de acordo com a Voyger, e é mais provável que um impulso de Moscou venha de algum lugar no leste.
No entanto, os recentes desenvolvimentos no sul fizeram com que a Ucrânia, finalmente, rompesse as defesas em Robotyne e conseguisse atravessar as estradas que a Rússia havia minado pesadamente.
“Não paramos aqui”, disse um dos comandantes que liderou um grupo de tropas ucranianas em Robo Tyne e que se identificou pelo seu indicativo Skala, segundo a Reuters.
"Passamos pelas estradas principais que foram minadas. Estamos a chegar às linhas onde podemos avançar. Tenho certeza de que iremos mais rápido a partir daqui", explicou Skala.
Ainda não se sabe se o avanço em Robotyne irá ou não proporcionar o impulso que Kiev necessita para enfrentar a linha russa no sul. Entretanto, seria um bom sinal se a Rússia estiver a ser impedida de um contra-ataque por causa dos seus campos minados.
Se as forças ucranianas conseguirem estabelecer um corredor através dos piores campos minados da Rússia no sul, então poderão continuar a avançar e ameaçar as posições da Rússia no sul, precipitando outra retirada como a de Kherson em 2022.