O estudo que dá esperança a casais do mesmo sexo de terem filhos
Cientistas criaram camundongos a partir de dois animais machos, gerando óvulos a partir de células masculinas. Este experimento poderia apontar para novas possibilidades de reprodução humana.
Assim, cresce a perspectiva de casais do mesmo s e x o sobre a possiblidade de ter um filho biológico juntos, no futuro.
Katsuhiko Hayashi, professor e pesquisador que liderou o estudo, na Universidade de Kyushu, no Japão, disse ao The Guardian: "Este é o primeiro caso de produção de oócitos robustos de mamíferos a partir de células masculinas".
O estudo baseou-se em uma sequência de etapas complexas para transformar uma célula da pele, carregando a combinação genética do cromossomo masculino XY, em um óvulo, com a versão feminina, XX.
As células da pele masculina foram reprogramadas para chegar a um estado semelhante ao das células-tronco e, assim, criar as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas (iPS), parecidas às células embrionárias.
Foto: CDC/Unsplash
O cromossomo Y dessa célula foi então retirado e substituído por um cromossomo X, “emprestado” de outra célula, para produzir uma célula embrionária com dois cromossomos X idênticos.
Hayashi, segundo a reportagem do The Guardian, explicou: “O maior truque é a duplicação do cromossomo X. Nós realmente tentamos estabelecer um sistema para duplicá-lo”.
Por fim, as células foram cultivadas em um organoide de ovário, um sistema concebido para reproduzir condições similares às de um ovário de camundongo.
Com os óvulos prontos, os cientistas usaram esperma normal para fertilizá-los, obtendo cerca de 600 embriões. Estes embriões, por sua vez, foram implantados em ratos de aluguel e o resultado disso foi o nascimento de sete camundongos.
Os camundongos recém-nascidos eram saudáveis e viveram, em média, o mesmo tempo de um animal de sua espécie. Quando adultos, também puderam reproduzir-se.
Atualmente, a equipe de Hayashi faz tentativas de repetir o experimento com células humanas. No entanto, as pesquisas esbarram em obstáculos legais para o uso de óvulos cultivados em laboratórios para fins clínicos.
A técnica também poderia ser aplicada para tratar formas graves de infertilidade, incluindo mulheres com síndrome de Turner, de acordo com Hayashi.
Alguns cientistas afirmaram que as células humanas requerem períodos de cultivo muito longos para produzir um óvulo maduro, o que pode aumentar o risco de as células sofram alterações genéticas indesejadas.
Os cientistas já haviam criado precursores de óvulos humanos, mas, até agora, as células dos experimentos pararam de se desenvolver de forma precoce, antes da divisão celular necessária para o surgimento de óvulos e espermatozóides maduros.
Também citada pelo The Guardian, Amander Clark, que trabalha com gametas cultivados na Universidade da Califórnia, nos EUA, diz que as próximas etapas do estudo serão verdadeiros desafios para a engenharia genética, um trabalho que durará entre 10 ou 20 anos.