Chernobyl: uma tragédia ucraniana; relembre!
Em 25 de abril de 1986, um pequeno lugar na Ucrânia sofreu um terrível desastre nuclear. O incidente foi um ponto de virada para a Guerra Fria e a energia nuclear, com consequências radioativas que, segundo a National Geographic, permanecerão por mais de 30 mil anos.
Chernobyl está localizada a cerca de 100 quilômetros de Kiev, perto da fronteira com a Belarus. Lá, uma usina nuclear, do tipo RBMK de quatro reatores, foi construída na década de 1970. A energia nuclear era vista como uma conquista da engenharia soviética, sob o slogan “Átomo Pacífico”.
Pripyat também foi construída e desenvolvida para abrigar os trabalhadores da Usina Nuclear de Chernobyl e suas famílias. A cidade tinha uma população de mais de 50 mil habitantes, na época do desastre.
Tudo começou durante um teste de manutenção de rotina, programado no quarto reator da Usina Nuclear VI Lenin. O que podia dar errado, deu.
O plano era usar o tempo de inatividade para testar se o reator poderia ser resfriado, caso a usina perdesse energia. O teste exigiu, entre outras coisas, desligar o sistema de resfriamento do núcleo de emergência.
A equipe também não sabia que o reator tinha uma falha de projeto, onde a operação de baixa potência o tornava altamente instável.
O teste deveria ser realizado durante o expediente da manhã, com um grupo de engenheiros e especialistas preparados. No entanto, devido a problemas com a rede elétrica de Kiev, foi feito à noite, sob a supervisão do vice-engenheiro-chefe Anatoly Dyatlov.
A equipe do turno noturno, que não estava preparada para realizar o teste, seguiu as orientações deixadas pelo turno anterior.
O experimento resultou em um pico de energia inesperado na usina, causando uma reação em cadeia de explosões, que levou à exposição do núcleo à atmosfera.
Um estudo da Associação Nuclear Mundial declara que o desastre de Chernobyl foi a maior liberação radioativa não controlada, no meio ambiente, já registrada para qualquer operação civil. Durante 10 dias, grandes quantidades de substâncias radioativas foram lançadas no ar.
Devido à lentitude e à burocracia governamental, as autoridades soviéticas, lideradas por Mikhail Gorbachev, levaram algum tempo para responder adequadamente ao desastre nuclear.
No começo, as autoridades soviéticas estavam mais preocupadas com a reação internacional em meio à Guerra Fria, e negaram o incidente.
Apesar de bombeiros e trabalhadores serem hospitalizados devido à radiação e ao fogo, foi somente após 36 horas do colapso que a cidade de Pripyat foi evacuada.
O governo não fez uma declaração oficial até 28 de abril, três dias após o acidente, quando os níveis de radiação, excepcionalmente altos, foram detectados, pela primeira vez, na Suécia.
The Lancet relata que, embora menos de 100 pessoas tenham morrido por exposição aguda à radiação, ainda não há consenso sobre o verdadeiro número de vítimas de longo prazo na área. O que é verdade é que mais de 4 mil pessoas desenvolveram câncer de tireoide, principalmente crianças.
Em última análise, de acordo com dados do Instituto Nacional de Energia dos Estados Unidos, mais de 335 mil pessoas foram evacuadas. E uma zona de exclusão de 2.600 quilômetros quadrados foi criada ao redor da usina nuclear.
Hoje, o reator 4 da Usina Nuclear de Chernobyl é coberto por uma estrutura de aço e concreto, conhecida como “sarcófago”, para conter a radiação.
A natureza cresceu em uma área agora inacessível aos seres humanos. Uma pequena indústria turística também surgiu, e disponibiliza passeios por certas áreas da cidade abandonada de Pripyat e pela floresta que cerca Chernobyl.