A nova raça de gado que pode salvar o mundo
Pesquisadores da Universidade de Illinois Urbana-Champaign desenvolverem uma nova raça de gado que pode ajudar a aliviar a insegurança alimentar mundial.
O artigo do grupo de pesquisa, publicado na revista Animal Frontiers, relatou como os cientistas fundiram a capacidade de produção leiteira das vacas Holstein e Jerseys com outra raça, conhecida como Gir.
A raça bovina Gir tem uma série de características interessantes, como a resistência ao calor, à seca e a doenças, o que as torna ideais para os agricultores de todo o Hemisfério Sul. Elas são nativas de regiões com clima tropical.
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Esse tipo de cruzamento entre raças não é algo novo, informou o líder do projeto, Matt Wheeler. No Brasil, por exemplo, é comum fazer cruzamento entre as vacas Holstein e as Gir, gerando vacas com uma elevada produção de leite, conhecidas como Girolando.
Wheeler é professor do Departamento de Zootecnia da Universidade de Illinois e explicou que a raça de bovinos Girolando, do Brasil, não pode ser exportada, devido às doenças endêmicas presentes em seus animais.
No entanto, uma raça como a Girolando seria útil para os agricultores de subsistência na África e em todo o mundo. Por isso, o pesquisador começou a trabalhar na criação de uma raça bovina que pudesse produzir muito leite e ser exportada para os mercados tropicais mundiais.
"Queríamos desenvolver um rebanho com um elevado estatuto sanitário, nos EUA, para podermos exportar a sua genética para qualquer parte do mundo", explicou Wheeler, e acrescentou que o projeto havia cumprido sua meta.
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Wheeler e sua equipe levaram cinco gerações para criar um cruzamento de vacas que pudesse produzir dez litros de leite por dia, sob o comando de um agricultor comum. Isso é muito mais do que o meio litro que as vacas indígenas podem produzir.
A equipe de Wheeler planeja implantar os primeiros 100 embriões Holstein-Gir e Jersey-Gir em gado indígena, na Tanzânia, em março, de acordo com o comunicado de imprensa sobre o projeto. A equipe de Wheeler trabalhará para inseminar os primeiros bezerros nascidos, para criar gerações sucessivas de vacas híbridas.
Os agricultores ficarão com uma nova raça de vacas, que será uma mistura de Holstein, Jersey e Gir. A nova raça terá o poder produtivo das vacas Holstein e Jersey, com a resistência das Gir.
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"A ideia é manter a resistência a doenças e pragas vinculada à produção de leite. À medida que o tempo passa, essas características não se separam", explicou Wheeler.
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“Esse será o desafio nos países em desenvolvimento. Até chegar à geração pura sintética, sempre haverá a tentação de cruzar a vaca com um touro comum, perdendo o efeito”, continuou o cientista animal.
Esta nova raça ainda não recebeu um nome oficial, mas, se tiver continuidade e aumentar em número de animais, será uma virada de jogo para aumentar a segurança alimentar, em todo o mundo.
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No artigo geral produzido por Wheeler e seus colegas, os investigadores observaram que 80% do gado reside, atualmente, em climas tropicais ou subtropicais, onde estão os maiores agricultores e produtores de leite.
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Infelizmente, a produção leiteira nos trópicos e subtrópicos não está à altura do que pode ser produzido em outras regiões do mundo. É por isso que o desenvolvimento de gado capaz de produzir leite em grandes quantidades poderia revolucionar a segurança alimentar mundial.
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“Este gado funcionaria muito bem no México, no Texas, no Novo México e na Califórnia”, disse Wheeler, e explicou que a raça de gado poderia ajudar também em locais onde as alterações climáticas são mais duras.
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“Minha previsão é de que as pessoas olharão para trás e perceberão que a genética tropical do gado poderia ter sido aproveitada mais cedo”, acrescentou Wheeler.
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