Cientistas fazem nova e interessante descoberta sobre a Via Láctea
Novos dados do satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia, descobriram que a Via Láctea é muito menor do que pensávamos. Mas como isso muda o que já se sabe sobre nossa galáxia?
Determinar o tamanho da nossa galáxia nunca foi uma tarefa fácil para os cientistas. O Universe Today comparou as tentativas de medir a massa da Via Láctea com a tentativa de medir a massa total do corpo humano, a partir de uma única célula.
Apesar da difícil tarefa, um grupo de investigadores utilizou os dados mais recentes, da Agência Espacial Europeia, e chegou a uma nova estimativa sobre massa da Via Láctea.
O estudo foi publicado na revista Astronomy and Astrophysics.
Medir a massa de galáxias vizinhas é uma tarefa mais fácil, já que é possível observar a sua curva de rotação. Desta forma, os astrônomos calculam a velocidade de uma estrela em uma galáxia específica e medem a sua distância ao centro galáctico.
A Universe Today explicou que, ao observar a velocidade das estrelas em órbita e a distância do centro de sua galáxia, os astrônomos conseguem determinar a quantidade de massa na órbita daquela estrela e, então, calcular a massa total da galáxia.
"A velocidade com que uma estrela orbita é proporcional à quantidade de massa em sua órbita, portanto, a partir da curva de rotação de uma galáxia, é possível mapear a função de massa por raio e ter uma boa ideia de sua massa total", escreveu Brian Koberlien, do Universe Today.
Koberlien acrescentou que este método tem sido usado para calcular a massa de outras galáxias, como a Andrômeda, por exemplo. Mas como fazer para medir a massa da nossa própria galáxia?
Como estamos dentro da Via Láctea, não conseguimos obter uma visão adequada das estrelas em toda a galáxia, tornando quase impossível calcular sua massa através da curva de rotação. Então, os astrônomos tiveram que recorrer a outros métodos.
Os pesquisadores usavam medições de hidrogênio neutro para calcular a curva de rotação da Via Láctea, mas esse método não é tão preciso quanto o rastreamento das órbitas das estrelas. Logo, usaram o método de aglomerados globulares, que orbitam a galáxia. Ao unir os resultados das duas medições, tiveram uma ideia aproximada da massa da nossa galáxia.
Com este antigo método, a massa da Via Láctea havia sido estimada em cerca de um trilhão de massas solares, um número muito maior do que as novas estimativas, que usaram informações da terceira versão do satélite Gaia.
A revista de ciência e tecnologia PsyOrg explicou que o estudo usou os novos dados para rastrear a posição de 1,8 bilhão (em escala americana) de estrelas e o movimento de 1,5 bilhão delas, a fim de estimar a curva de rotação da Via Láctea, com base nas órbitas das estrelas.
Os pesquisadores conseguiram determinar a curva de rotação de uma maneira extremamente precisa e, a partir desse cálculo, chegaram a uma estimativa mais exata da massa da nossa galáxia.
A Universe Today observou que a curva de rotação estipulada pelos investigadores era tão precisa que foi capaz de identificar o Declínio Kepleriano, região na qual as velocidades estelares diminuem, já que quase toda a massa galáctica está mais próxima de seu centro.
Descobriu-se que a massa total da Via Láctea é duzentos bilhões (em escala americana) de vezes a massa do Sol, ou seja, de quatro a cinco vezes menor do que acreditávamos anteriormente.
"Dada a quantidade de matéria regular conhecida na galáxia, isso significa que a Via Láctea tem muito menos matéria escura do que pensávamos", escreveu Brian Koberlien.