Como os caças F-16 poderiam mudar a guerra na Ucrânia
As Forças Aéreas Ucranianas poderiam, em breve, voar com o F-16 Fighting Falcon nos céus dos territórios ocupados, já que o presidente estadunidense Joe Biden apoiou seu repasse, por países europeus, ao país invadido pela Rússia.
O F-16 é um caça supersônico, desenvolvido na década de 1970, nos Estados Unidos, que atinge a velocidade de 1.235 quilômetros por hora. Entretanto, o presidente do Joint Chiefs General dos EUA, Mark Milley, afirmou, recentemente, que não seria uma “arma mágica”.
“Os russos têm 1.000 caças de quarta geração”, disse o general Milley a repórteres do Pentágono, após terminar uma reunião virtual com o Grupo de Contato de Defesa Ucraniano.
Milley explicou que para obter superioridade aérea diante da Rússia, a Ucrânia precisaria de muitos caças de quarta e quinta geração.
Para ele, a coisa mais inteligente que os aliados da Ucrânia poderiam ter feito foi exatamente o que fizeram: fornecer as armas de defesa aérea certas.
Em uma conversa com Amna Nawaz, da PBS News Hour, o tenente-general reformado Doug Lut explicou que havia duas capacidades que o F-16 poderia fornecer às forças ucranianas.
“Em primeiro lugar, no lado ofensivo, daria o apoio aéreo aproximado de precisão às tropas terrestres”, disse Lut.
Ele acrescentou ainda que isso seria muito importante para recuperar o território perdido em futuras ofensivas ucranianas.
“A segunda coisa que [o F-16] pode fazer no lado ofensivo é fornecer fogos profundos”, continuou Lut. Em outras palavras, a arma daria à Ucrânia a capacidade de ultrapassar as linhas inimigas.
Assim, segundo Lut, os ucranianos poderiam atingir importantes centros de comando e controle russos, bem como sedes-chave e locais de logística, em lugares que, atualmente, não podem alcançar, como a Crimeia e o Mar Negro.
No lado defensivo, os F-16 poderiam ser usados para enfrentar aeronaves não tripuladas, mas seriam muito mais úteis contra alvos como mísseis de cruzeiro direcionados à infraestrutura.
“Então, tanto no lado ofensivo quanto no lado defensivo, o F-16 pode realmente fazer a diferença”, explicou Lut, embora reconheça que a arma demoraria meses até ser usada.
Onde não veríamos os caças F-16 fazendo a diferença seria nas trocas frontais com os sistemas de defesa aérea mais modernos da Rússia, como o S-400, de acordo com o Business Insider.
Em entrevista para o referido site, o Diretor Executivo do Mitchell Institute for Aerospace Studies, Douglas Birkey, observou que os ucranianos, provavelmente, teriam que ser criativos com seus novos caças para ver resultados reais no campo de batalha.
“As costas da Ucrânia estão contra a parede. Eles não podem vencer em uma guerra de desgaste centrada no solo", explicou Birkey, acrescentando que a Rússia "acabaria vencendo essa luta e sangrando a Ucrânia até secar".
Birkey disse também que o F-16 poderia quebrar o impasse no solo, mas depois observou que, para a aeronave ser eficaz, a Força Aérea Ucraniana precisaria adotar um conjunto de táticas muito específicas, que poderiam explorar as vulnerabilidades das defesas aéreas russas.
"Ninguém está a defender que a Ucrânia voe os F-16 cegamente contra as defesas russas. O uso eficaz do poder aéreo requer uma mistura de estratégia, tática, capacidade e tecnologia para obter os efeitos desejados", disse Birkey.
Ele observou ainda que aeronaves não tripuladas podem ser usadas para sobrecarregar as defesas, dando aos F-16 da Ucrânia a oportunidade de atingir seus alvos.