Deserto do Saara inunda-se e seca na Amazônia tem a ver com isso
A Amazônia tem enfrentado chuvas inferiores à média histórica desde julho, sofrendo com a seca em várias regiões. Enquanto isso, no deserto do Saara, acontece justamente o oposto.
Conhecido por ser um dos locais mais áridos do planeta, o Saara tem experimentado um surpreendente aumento no volume de precipitação nos últimos meses.
Segundo a representante da Diretoria Geral de Meteorologia do Marrocos, Houssine Youabeb, "faz 30 a 50 anos que não chove tanto em um espaço de tempo tão curto", publicou a Deutsche Welle.
Foto: YouTube Screenshot Guardian News
Essas chuvas no deserto do Saara, descritas pelos meteorologistas como uma tempestade extratropical, têm o potencial de alterar o clima da região nos próximos meses. Segundo Youabeb, elas aumentam a umidade no ar, o que intensifica a evaporação e gera mais tempestades.
As chuvas que normalmente atingem a Amazônia estão sendo deslocadas em direção ao Saara, devido a ventos intensos provenientes do sudeste do planeta, conforme revelou uma análise do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal do Alagoas (Ufal), publicou O Globo.
Essa movimentação desloca a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para longe da Amazônia, aproximando-a do Saara.
Nessa foto de satélite da NASA, vemos o noroeste do Saara no dia 10 de setembro, com grandes áreas encharcadas (pontos azuis), no Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbi, áreas que raramente recebem chuva.
Segundo o Lapis, "esse é apenas um dos impactos indiretos que a posição da ZCIT na África pode ter no clima da Amazônia", relatou a Deutsche Welle.
A ZCIT é a principal responsável pela formação de chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Com seu deslocamento, a Amazônia experimentou condições mais secas.
Segundo o coordenador do Lapis, "a ZCIT começou a subir para o Hemisfério Norte, distanciando-se da Linha do Equador".
E continuou: "Com isso, as chuvas atípicas começaram a aumentar no deserto do Saara, desde o fim de abril".
"No mesmo período, começou a seca em São Paulo, que depende da umidade da Amazônia. Tudo está relacionado", concluiu, segundo O Globo.