Como seria o mundo após uma catástrofe nuclear?
Uma guerra nuclear em larga escala significaria, segundo todas as projeções científicas, um autêntico desastre planetário. A raça humana sobreviveria? Como seria o mundo pós-apocalíptico?
Os mais otimistas querem acreditar na capacidade de sobrevivência da raça humana. Mas a verdade é que as explosões atômicas, além de milhões de mortes diretas, causariam mudanças profundas que dificultariam muito a vida na Terra.
Um dos fenômenos mais citados como trágico efeito secundário de uma catástrofe atômica é o chamado "inverno nuclear". Em que consiste?
Os cientistas previam, desde a Guerra Fria, que uma cadeia de explosões nucleares geraria tanta fumaça e partículas suspensas que o sol ficaria coberto, durante meses, e as temperaturas despencariam.
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Segundo a revista Nature, alguns estudos apontavam a possibilidade de que a temperatura do planeta caísse bruscamente em até 10º, o que estragaria plantações inteiras.
O Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA fez um estudo no qual calculou que, após uma cadeia de explosões nucleares globais, as colheitas de milho cairiam 13%, trigo 11% e soja 17%.
Grandes produtores como os Estados Unidos e a Ucrânia seriam, é claro, duramente atingidos. Em três anos, segundo o estudo da NASA, as reservas de cereais desapareceriam. A importação seria uma tarefa muito complicada. A fome castigaria o planeta.
Há pesquisas modernas minimizando a possibilidade de um "inverno nuclear" de longa duração e argumentando que o efeito poderia ser um pouco mais suave. Mas há consenso científico de que uma catástrofe nuclear afetaria o clima e a natureza do planeta.
Imagem: Denny Mueller/Unsplash
De acordo com um relatório da oceanógrafa Nicole Lovendusk, da Universidade do Colorado Boulder (relatado pela Nature), o resfriamento global causado por um inverno nuclear ou uma queda repentina nas temperaturas poderia reduzir a capacidade dos mares de absorver carbono (CO2).
De acordo com as conclusões de Nicole Lovendusk, em poucos anos, o PH dos mares cairia e o nível de aragonita também. A tradução prática dessas mudanças nos oceanos seria uma diminuição da vida subaquática.
Também há quem aposte que os céus escuros do inverno nuclear e esse resfriamento fariam com que os ventos alísios mudassem de direção. Joshua Coupe apresentou a teoria em uma convenção da União Geofísica Americana, e acrescentou que secas e chuvas torrenciais seriam uma consequência dessa mudança.
Além desses efeitos climáticos e globais, haveria o desastre mais óbvio: as principais cidades do mundo transformadas em ruínas, vidas humanas perdidas, doenças por radioatividade, infraestruturas anuladas que nos levariam de volta a um momento quase pré-industrial.
Em princípio, cerca de cinco dias após uma explosão nuclear, as pessoas nas áreas atacadas poderiam sair de seus abrigos. Mas é mais difícil calcular quanto tempo a radioatividade permanece no solo, dependendo do clima, ventos, etc. O mais recomendável seria abandonar as áreas devastadas.
Além dos mortos diretamente pelas explosões, seria desencadeado um número incalculável de doenças causadas pela radioatividade. Os sistemas hospitalares (danificados em tal catástrofe) certamente teriam dificuldade em responder a essa onda de pacientes.
Outra característica de um mundo pós-nuclear seria o chamado efeito NEMP (pulso eletromagnético nuclear coerente), que inutilizaria a grande maioria dos dispositivos eletrônicos.
Até que esse "silêncio tecnológico" pudesse ser resolvido, as áreas devastadas pela explosão nuclear (e muito além) retornariam, em certo sentido, à Idade da Pedra.
No cinema, existem títulos abundantes ambientados neste cenário, desde os tempos da Guerra Fria. Neles, costuma-se traçar um horizonte deprimente de violência para sobreviver, onde impera a lei do mais forte. Na imagem, 'Mad Max' (centrado em um apocalipse devido à escassez de petróleo).
No entanto, o futuro nunca está escrito e nem sempre as piores previsões são cumpridas. Sobrevivemos a uma grande pandemia graças às vacinas e podemos evitar a guerra atômica. E, mesmo que houvesse uma catástrofe dessas características, o ser humano tem uma capacidade quase infinita de adaptação. Esperamos que não seja preciso testá-la!
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