Conheça a teoria dos comunistas vindos do espaço!
Não é segredo que a ambição de conquistar o espaço alimentou a disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética, durante a Guerra Fria. No entanto, o que nem todos sabem é que houve um movimento que pretendia levar, literalmente, ideologias políticas para fora da Terra!
O posadismo é uma criação de J. Posadas, nascido em 1912, pseudônimo do trotskista argentino, Homero Rómulo Cristalli Frasnelli. Segundo o jornal The Nation, foi um dos mais conhecidos (e controversos) seguidores de Leon Trotsky no Hemisfério Ocidental, em meados do século XX.
Na foto: Leon Trotsky no México, em 1937.
Na década de 1950, Posadas entrou para o escritório Latino-Americano da Quarta Internacional, organização que reúnia os seguidores de Leon Trotsky e opunha-se ao comunismo dominante, influenciado pelo líder soviético Joseph Stalin.
No entanto, Posadas rompeu com a Quarta Internacional por divergir sobre o tema da guerra nuclear. Ele argumentava que o capitalismo e o comunismo de influência stalinista deveriam ser destruídos, em nome de uma nova sociedade socialista. Em 1962, criou sua própria Quarta Internacional Posadista.
Os posadistas entraram em conflito com o governo de Fidel Castro, durante os primeiros anos da Revolução Cubana, pois acreditava que, entre outras coisas, as forças revolucionárias deveriam tomar Guantánamo à força.
Eventualmente, Castro denunciou Posadas e proibiu seu movimento em Cuba, por ser muito radical.
O elemento mais notável do Posadismo é a crença de que aproximar-se da vida alienígena e de sua tecnologia poderia ajudar a humanidade a alcançar objetivos socialistas.
Em um panfleto de 1968, intitulado “Discos Voadores e o Futuro Socialista da Humanidade”, Posadas fala sobre a vida extraterrestre.
O partidário argentino de Trotsky afirmava que o capitalismo não tinha se desenvolvido em outros planetas, porque sua tecnologia era muito inferior à dos extreterrestres.
Além disso, Posadas defendia que o capitalismo sofria restrições decorrentes de seu próprio dinheiro e ideologia. Ele argumentava que no espaço não há dinheiro.
“Os extraterrestres não têm impulso agressivo e não necessitam matar, vêm apenas para observar. Podemos facilmente prever a existência de tais seres", dizia o trotskista argentino.
Posadas acreditava que os alienígenas podiam salvar a humanidade: “Se eles existem, devemos chamá-los para intervir, para que nos ajudem a resolver os problemas que temos na Terra. A tarefa essencial é suprimir a fome, o desemprego e a guerra, dando a todos uma vida digna”.
Em um de seus discursos, Posadas disse: “Devemos apelar aos seres de outros planetas para que colaborem com os habitantes da Terra na erradicação da pobreza”.
Uma das maiores críticas a Posadas era por ele ter uma liderança de culto à sua própria personalidade, já que seus seguidores tinham que acreditar em suas falas, como se fossem verdades absolutas.
Além dos extraterrestres, Posadas acreditava que a Quarta Internacional Posadista também poderia receber ajuda dos golfinhos. A ideia, no mínimo curiosa, era desenvolver uma comunicação com estes animais, para que pudessem ser integrados à sociedade socialista.
Posadas faleceu em 1981, na Itália, e, hoje, é lembrado por memes irônicos com nuvens em forma de cogumelo e golfinhos com uniformes do Exército Vermelho.
Em 2020, o jornalista AM Gittlitz, de Nova York, lançou 'I Want to Believe: Posadism, UFOs and Apocalypse Communism', no qual fornece uma nova luz sobre o movimento fundado por J. Posadas.
Imagem: Pluto Press
Em entrevista ao The Nation, Gittlitz compara Posadas a L. Ron Hubbard e Jim Jones, destacando a figura paterna do trotskista argentino diante de seus seguidores.
“Acho que Posadas e as pessoas ao seu redor foram realmente inspirados pelo lançamento do Sputnik e pelo cunho político que o programa espacial soviético representava. Havia uma liberdade radical inerente à ideia de ir para o espaço”, disse, ao The Nation.
Na revista REA, o jornalista David Broder escreve sobre o livro de Gittlitz: "O otimismo selvagem de Posadas aparece no livro como uma caricatura da seriedade e adota um sentido estrito de fé".
"Gittlitz documenta o lado mais sério do ativismo de Posadas no trotskismo latino-americano pós-guerra, ao mesmo tempo em que sugere que suas b i z a r r a s reivindicações não estavam tão distantes da ufologia da época", acrescenta Boder.