Enfrentamos uma "epidemia da solidão", segundo estudos
Se você vê seus amigos cada vez menos ou sente-se cada vez mais sozinho, é provável que seja uma das milhões de pessoas que enfrentam a atual chamada "epidemia da solidão".
O cirurgião geral Vivek Murthy alertou a BBC News sobre um novo fenômeno que, ultimamente, arrasa a vida de milhões de cidadãos: “Um profundo sentimento de solidão”.
Isso faz parte de um relatório publicado pelo Departamento de Saúde e Recursos Humanos dos EUA, intitulado 'Nossa epidemia de solidão e isolamento'.
Na foto: Cirurgião Geral Vivek Murthy
Segundo a principal autoridade de saúde dos EUA, a solidão pode ser tão prejudicial à saúde quanto fumar 15 cigarros por dia.
O cirirgião argumenta que a solidão tem consequências terríveis, como o aumento dos riscos de doenças, como derrames ou demência senil.
“Agora, sabemos que a solidão é um sintoma comum, vivenciado por muitas pessoas, como fome ou sede. Quando sentimos solidão, nosso cérebro envia sinais ao corpo, avisando de que falta algo essencial para nossa sobrevivência”, disse Murthy, à Associated Press.
A autoridade em saúde destacou que “milhões de pessoas estão a lutar na sombra e isso não está certo”.
Acredita-se que cerca de 50% da população dos EUA tenha sido afetada por algum nível de solidão.
A solidão já era um problema antes da pandemia, mas agravou-se muito depois de seu surgimento.
No Brasil aconteceu algo parecido. Um levantamento feito pelo instituto Ipsos, em janeiro de 2021, revelou que o sentimento de solidão afetou 50% da população, durante a pandemia de covid-19, de acordo com o jornal O Globo.
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A pesquisa ouviu 23 mil pessoas, de 28 países, e o brasileiro ficou em primeiro lugar, como o povo que mais sofreu com a solidão, durante a pandemia.
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O resultado da pesquisa é preocupante, porque não sabemos o efeito que terá a longo prazo. Marcos Calliari, presidente da Ipsos no Brasil, explicou à BBC News Brasil: "O brasileiro sofreu demais na pandemia. Os números assustadores de contágio e de mortes, um dos piores índices do mundo, e o longo período de quarentena, ajudam a explicar esse sentimento".
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A NPR comentou que, hoje, as pessoas têm passado menos tempo com os amigos do que há duas décadas atrás. O curioso é que esse novo hábito atingiu todas as faixas etárias.
O relatório dos EUA destacou que jovens entre 15 e 24 anos têm 70% menos interação social com seus amigos do que a mesma faixa etária há duas décadas.
O estudo consultivo de Vivek Murthy propõe uma estratégia para enfrentar a solidão.
Fortalecer programas sociais, bem como parques e bibliotecas.
Fortalecer as políticas públicas que facilitam a conexão com outras pessoas, como o financiamento de transporte público ou a licença-família remunerada.
O governo deve abordar os problemas de saúde causados pela solidão, amparando a população de uma maneira ampla.
Reavaliar a interação das pessoas com a tecnologia, para garantir uma conectividade saudável.
Realizar mais estudos sobre como a solidão afeta a sociedade e os indivíduos.
E, finalmente, é importante cultivar uma cultura de conexão humana, em que as interações físicas e o relacionamento sejam altamente valorizados.