O aumento da corrupção na Europa
Recentemente, aumentaram as preocupações sobre corrupção e influência de interesses estrangeiros nas decisões políticas da União Europeia, especialmente após o escândalo que envolveu a vice-presidente grega do Parlamento Europeu, Éva Kaïli, no final de 2022, relacionado ao Qatar.
Em outro episódio, vários deputados do Parlamento Europeu de diferentes países foram acusados de receber dinheiro russo para promover os interesses do Kremlin na Europa. Um desses parlamentares, de origem alemã, teria aceitado 25 mil euros para apoiar essa agenda.
Esses casos de fraude na elite política demonstram que o problema ainda persiste na Europa, um continente que frequentemente se apresenta como um modelo de integridade e transparência.
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Por ser mais discreta, a corrupção europeia é difícil de medir. No entanto, seu avanço enfraquece a confiança pública nos governantes e compromete o desenvolvimento equilibrado das sociedades.
De acordo com Nicholas Aiossa, diretor da ONG Transparency International EU, “nos últimos dez anos, observamos um declínio constante em alguns Estados-Membros no que se refere ao Estado de Direito e à capacidade de combater a corrupção”.
Em 2023, o Índice de Percepção de Corrupção (CPI), criado por essa ONG, classificou os países com pontuações que variam de 0 (mais corrupto) a 100 (menos corrupto). Os Estados Membros da União Europeia obtiveram uma pontuação média de 64.
Além disso, persistem grandes disparidades entre os países, com uma divisão clara entre o norte e o sul, por um lado, e o oeste e o leste, por outro.
A Dinamarca, com uma pontuação de 90, é o país menos corrupto do mundo, de acordo com esse índice. Ela é seguida pela Finlândia (87) e pela Noruega (84).
No entanto, a ONG observou que, em 2023, algumas democracias avançadas obtiveram sua pontuação mais baixa desde que o CPI foi publicado pela primeira vez, em 2012, incluindo a Suécia (82), a Holanda (79), a Islândia (72) e o Reino Unido (71).
A situação é ainda mais preocupante no Leste Europeu, especialmente na Hungria (42), Bulgária (45) e Romênia (46).
Dos 31 países europeus analisados, apenas seis apresentaram uma melhoria significativa em suas pontuações desde 2012: República Tcheca, Estônia, Grécia, Letônia, Itália e Irlanda.
De maneira geral, houve uma queda na pontuação regional do IPC na Europa Ocidental e na UE, segundo avaliação de Flora Cresswell, coordenadora regional da Transparência Internacional para a Europa Ocidental, citada pela Euronews.
Qual é a opinião pública sobre o assunto? A pesquisa 'Special Eurobarometer on Corruption' ('Eurobarômetro Especial sobre Corrupção', em português) oferece algumas respostas.
Em alguns países, a maioria dos cidadãos acreditam que a corrupção é generalizada: é o caso dos gregos (98%), húngaros (91%), espanhóis e italianos (89%).
A média é alta em toda a União Europeia (68%). Em países como a França (64%), Bélgica (56%) e Alemanha (53%), a maioria da população também opina desfavoravelmente quanto à confiança em autoridades políticas.
Para Nicholas Aiossa, a corrupção na Europa não é mais prevalente do que antes, mas está mais "descarada". Ele destaca que os líderes europeus, agora, circulam com malas de dinheiro, agindo como se não houvesse consequências.
Esse funcionário destaca a falta de mecanismos de controle e sanção nas instituições europeias. Além disso, enfatiza que o Conselho Europeu, que representa os Estados-Membros, não implementou a diretriz anticorrupção.
O diretor da Transparência Internacional da UE vê a corrupção como uma séria “ameaça à democracia”. Será que a Europa conseguirá unir esforços para enfrentar esse flagelo nos próximos anos?
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