Estímulo de molécula da felicidade poderia curar depressão

A relação da felicidade com a memória
Uma molécula determinante
Neurotensina, a molécula da felicidade
O ato de guardar memórias
O neurocientista Hao Li
Instituições de pesquisa envolvidas no estudo
A relação da neurotensina com a ansiedade
Como funciona o processo de retenção e classificação da memória?
O comportamento humano é motivado por punição ou recompensa
A tendência do cérebro humano
Somos pessimistas?
Evoluímos para evitar o perigo
Como relacionar a neurotensina com as doenças mentais?
O desequilíbrio gera dependência ou depressão
Estudo feito em ratos
O resultado do experimento
Os níveis de neurotensina alterados artificialmente
Tratamento para pessoas deprimidas?
Questões em aberto
Outros fatores que influenciam na construção de memórias boas ou ruins
E as experiências ambíguas?
A relação da felicidade com a memória

A felicidade está relacionada ao conjunto de memórias que guardamos sobre nossas próprias vidas. Se um indivíduo tem lembranças positivas, será mais feliz do que aquele que tem recordações negativas. Mas quem decide se uma memória é boa ou ruim?

 

 

Uma molécula determinante

Um estudo revelador descobriu qual a molécula responsável por determinar se nossas memórias serão codificadas como positivas ou negativas. O artigo foi publicado numa das mais renomadas revistas científicas do mundo, a Nature, em 20 de julho de 2022.

Foto: Unsplash/ annie spratt

 

Neurotensina, a molécula da felicidade

A neurotensina é um peptídeo de 13 aminoácidos, que está distribuída por todo o sistema nervoso central, principalmente no hipotálamo, regulador de hormônios, e na amígdala, responsável pelas emoções, como o medo.

O ato de guardar memórias

A existência da molécula em si não é novidade, mas sim seu papel crucial no ato de codificar memórias. Quanto mais elevada a quantidade de neurotensina, maior as chances de guardar determinada experiência como uma memória boa.

Foto: Unsplash / cdc Linon

O neurocientista Hao Li

Citado pela revista brasileira Super Interessante, Hao Li, principal autor do estudo, explica: “É a quantidade de neurotensina disponível que gera o balanço entre o processamento das memórias, definindo-as se serão positivas ou negativas”.

 

Instituições de pesquisa envolvidas no estudo

O estudo foi realizado por pesquisadores do Salk Institute, centro de pesquisas biológicas da Califórnia, em colaboração com cientistas do Massachusetts Institute of Technology e das universidades de Harvard e Michigan.

Foto: Unsplash / accuray

A relação da neurotensina com a ansiedade

A neurocientista Kay M. Tye, uma das autoras do artigo, conta que ficou mais fácil compreender por que algumas pessoas são mais propensas a reter emoções negativas do que positivas, como é o caso de pacientes com ansiedade, depressão ou transtorno de estresse pós-traumático.

Como funciona o processo de retenção e classificação da memória?

"Enquanto experimentamos o mundo à nossa volta, somos constantemente bombardeados por estímulos sensoriais. Então, nosso cérebro atribui um valor positivo ou negativo a cada estímulo. Chamamos este processo de atribuição de valência", disse à News-Medical.net.

O comportamento humano é motivado por punição ou recompensa

"Quase todos os nossos comportamentos são motivados por duas valências emocionais: procurar recompensa e evitar punições. A todo momento, temos de filtrar rapidamente a informação mais importante para tomar uma decisão", acrescentou Kay M. Tye.

A tendência do cérebro humano

Este processo neurológico acontece em todos os seres humanos, mas nosso cérebro tende a reter mais memórias negativas do que positivas, por quê?

Somos pessimistas?

Através da evolução, ao longo de muitos anos, os circuitos cerebrais aprenderam a ser mais rápidos em detectar uma punição, em vez de uma recompensa, o que indica que há maior probabilidade de que sejamos naturalmente mais pessimistas.

Evoluímos para evitar o perigo

Isto acontece porque "se houver perigo, queremos evitá-lo ou fugir, mas se tivermos fome, podemos esperar. No entanto, não vamos esperar se houver um tigre por perto. Asim, por questão de sobrevivência, somos mais rápidos em detectar o negativo que o positivo", explica Hao Li à NPR.

Como relacionar a neurotensina com as doenças mentais?

Nosso humor pode flutuar de dia para dia dentro de uma certa margem. Mas quando esta variação está fora do normal, significa que há uma patologia.

O desequilíbrio gera dependência ou depressão

Kay M. Tye esclarece que, em geral, quando o indivíduo tem um processamento demasiado positivo (recompensa), pode cair em comportamentos de dependência, como o jogo de apostas ou a toxicodependência, enquanto quem tem um processamento muito negativo (castigo), pode chegar à depressão ou ansiedade.

Estudo feito em ratos

No experimento, com o objetivo de formar memórias, as cobaias foram ensinadas a associar determinados sons a uma experiência boa (ganhar alimento) ou ruim (levar um choque elétrico fraco).

O resultado do experimento

Descobriu-se, assim, que a quantidade de neurotensina aumentava quando os ratos lembravam da experiência positiva. Do contrário, a  diminuía. A partir daí, foram criados ratos geneticamente modificados para produzir mais ou menos daquela substância.

 

 

Os níveis de neurotensina alterados artificialmente

Depois de modificar artificialmente a concentração de neurotensina na amígdala dos animais, notou-se uma mudança em seu comportamento, comprovando a importância da molécula no processo de atribuição de valência sobre as experiências vividas.

Tratamento para pessoas deprimidas?

O autor do artigo é otimista. Acredita que gerenciar esta molécula pode ajudar pacientes a superarem ou se recuperarem de doenças mentais.

Foto: Unsplash / sydney sims

Questões em aberto

Apesar disso, Hao Li admitie que ainda há muito o que descobrir sobre como as atribuiões de valência podem conduzir à ansiedade, dependência ou depressão.

Outros fatores que influenciam na construção de memórias boas ou ruins

"Para além da neurotensina, existem muitos outros neuropeptídeos no cérebro que são potenciais alvos de intervenções", disse Hao Li à QuantaMagazine.

E as experiências ambíguas?

O pesquisador também citou a problemática das experiências ambíguas, as quais não se sabe se são boas ou ruins. O tema gera especial curiosidade do autor, que está motivado em continuar a pesquisa.

Foto: Unsplash / devin avery

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