EUA debatem o envio de arma controversa à Ucrânia para vencer a guerra
O governo Biden considera enviar uma controversa classe de armas para Kiev, na esperança de ajudar as forças ucranianas a expulsar a Rússia do território ocupado. Mas há um problema que preocupa as autoridades e a população.
As bombas cluster foram proibidas em centenas de países, de acordo com a NBC News, e seu uso pelas forças russas no início da guerra foi criticado pelo Congresso e por grupos de direitos humanos. Mesmo assim, os EUA querem enviá-las para Kiev.
Dois funcionários de alto escalão disseram à NBC News, em 29 de junho, que um anúncio sobre o envio de munições cluster para a Ucrânia poderia ocorrer já em julho de 2023. O general Mark Milley disse que os aliados da Ucrânia estão no debate e que consideram apoiar o envio de novas armas.
“Os ucranianos pediram este tipo de arma, alguns países europeus já as forneceram e os russos as usaram em campo de batalha. Estamos em processo de tomada de decisão”, disse Milley, em um evento no National Press Club, em Washington, em 30 de junho de 2023.
Embora a medida possa ajudar a Ucrânia, também colocará os Estados Unidos em uma posição difícil, já que a munição cluster é uma das armas modernas de guerra mais destrutivas. De fato, as Nações Unidas tentaram impor sua proibição geral.
Munição cluster é uma arma que contém submunições explosivas, que podem ser lançadas do solo, ar ou mar, atingindo uma grande área, com várias centenas de explosivos, de acordo com a Cluster Munitions Coalition.
A área atingida pode ter do tamanho de vários campos de futebol e seu poder de destruição é letal. Qualquer pessoa dentro da zona de ataque provavelmente será morta ou, pelo menos, gravemente ferida.
As armas são tão perigosas que, até abril de 2023, pelo menos 123 países haviam assinado a Convenção da ONU de 2008 sobre Munições Cluster, um tratado que proíbe o uso deste tipo de bomba. Cabe ressaltar que nem a Rússia, nem a Ucrânia, nem os Estados Unidos são signatários deste acordo.
A Human Rights Watch observou que, desde o início da invasão da Ucrânia, a Rússia usou munições cluster em ataques que causaram milhares de mortes de civis, bem como a destruição de hospitais, casas e escolas.
No entanto, embora esta arma seja extremamente perigosa, daria à Ucrânia uma vantagem significaiva contra o exército russo.
“Isto teria, sem dúvida, um impacto importante no campo de batalha”, disse um oficial americano não identificado, à CNN, ao comentar sobre a mudança de atitude de Washington, já que, até então, tinha evitado fazer o envio de munição cluster.
As consequências podem ser desastrosas, já que estas armas representam um sério risco para os civis. Mas as mudanças nas condições do campo de batalha nas últimas semanas fizeram com que as autoridades dos EUA reconsiderasseem sua relutância em fornecer munições cluster à Ucrânia.
No final de junho, a vice-secretária adjunta de Defesa dos Estados Unidos para Rússia, Ucrânia e Eurásia, Laura Cooper, testemunhou durante uma audiência no Congresso, dizendo que o envio de munições convencionais aprimoradas de duplo propósito (DPICM) seria útil para a Ucrânia.
“Nossos analistas militares confirmaram que os DPICMs seriam úteis, especialmente contra posições russas no campo de batalha”, explicou Cooper.
“A razão pela qual não houve um avanço no fornecimento destas munições está relacionada às restrições existentes no Congresso sobre o fornecimento de DPICMs e às preocupações com a unidade aliada", acrescentou Cooper.
Um assessor do Congresso disse à NBC News que a declaração de Cooper pode ter ajudado a aprovar o envio de tais munições à Ucrânia. Enquanto isso, as tensões continuam em alta.