Terceira Guerra Mundial é possível aos olhos da Europa
A possibilidade da Europa envolver-se em outra grande guerra é assustadora para o mundo inteiro. Entretanto, o que está a acontecer na Ucrânia e no Oriente Médio faz alguns líderes garantirem que é preciso se preparar para este cenário.
Bjarke Smith-Meyer, em uma análise para a revista americana Politico, foi retumbante: “A Europa está a preparar-se para a guerra”.
A conclusão do artigo não foi à toa. De fato, o presidente da Polônia, Donald Tusk (na foto), disse em entrevista à revista alemã Die Welt que a Europa vive uma fase evidente de pré-guerra.
Conforme relatado pela CNN, Tusk disse: "A guerra não é mais um conceito do passado. É real e começou há mais de dois anos. O mais preocupante, agora, é que, literalmente, qualquer cenário é possível. Não vimos uma situação assim desde 1945".
O presidente polonês acrescentou ainda que os jovens devem estar conscientes da situação atual e, portanto, aceitar que poderão ter que pegar em armas.
Esta mensagem está em linha com um debate aberto, em muitos países europeus, sobre se é necessário reintroduzir o serviço militar obrigatório.
A maioria dos países ocidentais eliminou o serviço militar obrigatório, após a queda do Muro de Berlim (a Alemanha fê-lo em 2011, a Espanha em 2002).
Mas líderes como Macron acreditam que é necessário que os jovens sirvam o seu país por um período. Assim, a França está a preparar um Serviço Nacional Universal que teria algum conteúdo militar.
No Reino Unido, as autoridades também insistem em preparar os seus cidadãos para uma possível guerra. O ministro da Defesa, Grant Shapps, disse que havíamos passado de um "mundo pós-guerra para um mundo pré-guerra", segundo a BBC. Já o general britânico Patrick Shanders (foto) falou, em janeiro, em "mobilizar a nação" e reforçar soldados profissionais com uma espécie de "exército cidadão".
Nem toda a opinião pública europeia está de acordo com um aumento nas despesas em defesa, mas é esse o cenário que a maioria dos líderes tem cogitado. E ainda mais se Donald Trump voltar a ser presidente dos Estados Unidos.
Trump é um isolacionista que também simpatiza com Putin. Além do mais, ele acredita que os Estados Unidos não devem assumir, como tem feito até agora, um papel predominante na OTAN.
O ex-presidente deixou claro, em mais de uma ocasião, que não quer gastar na defesa de outros países, já que estes, em muitos casos, recusam-se a aumentar os seus orçamentos na área. Assim, Trump, se vencer, poderia dar as costas à Europa.
Portanto, existe toda uma elite do poder europeu que luta pelo aumento da militarização com o objetivo de que a Europa possa defender-se sem depender da OTAN ou dos Estados Unidos.
Contudo, a esquerda europeia tem uma longa tradição pacifista e é profundamente contra qualquer iniciativa que implique o aumento dos gastos em armas e tropas.
Em um artigo para o The Guardian, o analista Cass Mudde disse: “Cabe à centro-esquerda desenvolver e defender um plano para um exército europeu que encontre uma posição democrática entre o pacifismo e o militarismo”.
Imagem: Egor Myznik/Unsplash
Por outro lado, há quem acredite que nos discursos políticos e mediáticos que alertam para a possibilidade real de uma grande guerra na Europa há muito alarmismo e interesse em arrastar a opinião pública para posições reacionárias.
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