Quando uma exterminação de morcegos matou também crianças nos EUA

Um estudo recente revela uma surpreendente conexão entre o declínio da população de morcegos nos Estados Unidos e o aumento da mortalidade infantil.

Em 2006, os morcegos contraíram, pela primeira vez, uma doença mortal chamada síndrome do nariz branco, causada por um fungo que se instala na boca, nariz e orelhas dos animais.

Desde então, a doença tem devastado populações de morcegos em várias regiões do país, dizimando até 70% das colônias atingidas, relatou o jornal O Globo.

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A doença afeta os ciclos de hibernação dos animais, forçando-os a atuar mais do que o esperado no inverno, o que os leva à inanição ou ao congelamento até a morte.

Com isso, houve um desequilíbrio ambiental, já que os morcegos são importantes predadores de insetos, podendo consumir até mil deles em apenas uma noite, de acordo com o site HuffPost.

Sem esse controle natural de pragas, os agricultores foram obrigados a usar mais pesticida, algo que, segundo o autor do estudo, Eyal Frank, contribuiu para o aumento na mortalidade infantil.

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Embora seja essencial para garantir a produção agrícola, os pesticidas podem afetar gravemente a saúde humana, explicou o SwissInfo. O mais provável é que a água e o ar contaminados tenham exposto os cidadãos aos compostos químicos.

A pesquisa, publicada na revista Science, demonstrou que nas regiões onde foi detectada uma diminuição no número de morcegos, o uso de pesticidas subiu 31%.

Nestas mesmas áreas, foram registradas 1.334 mortes de crianças, o que representa um aumento de 8% na taxa de mortalidade infantil, segundo relatou O Globo.

Foto: Unsplash - Kelly Sikkema

Eyal Frank, autor do estudo e economista ecológico da Universidade de Chicago, disse à EPIC News: “Os morcegos agregam valor à sociedade por seu papel como pesticidas naturais, e este estudo mostra que seu declínio pode ser prejudicial aos humanos”.

Embora estejam sendo desenvolvidas vacinas contra a síndrome que ataca os morcegos, eles também são ameaçados pela perda de seu habitat, mudanças climáticas e parques eólicos, relatou a SwissInfo.

O artigo científico mostra como o prejuízo da biodiversidade afeta direta e indiretamente os seres humanos e, neste caso, principalmente, as crianças.

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