Formiga-de-fogo chega à Europa e pode causar sérios problemas
Um total de 88 ninhos de formiga-de-fogo (ou formiga-de-fogo-vermelha), uma espécie invasora e prejudicial, foi descoberto em Siracusa, na Sicília (Itália), no último mês de setembro.
As razões da chegada da formiga-de-fogo à Sicília ainda não foram confirmadas, mas os cientistas estudam uma ligação com a atividade portuária e a intensa presença humana em Siracusa.
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Formigas desta espécie já haviam sido descobertas em produtos importados a vários países europeus, como Espanha, Finlândia e Países Baixos.
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Entretanto, desta vez, o continuente, até agora poupado da presença da formiga-de-fogo, está diante de sua primeira colônia real.
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A formiga-de-fogo existe, há muito tempo, em vários lugares do planeta, como Estados Unidos, México, Caribe, China e Austrália.
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“Solenopsis invicta é uma das piores espécies invasoras. Pode espalhar-se de forma alarmante e rápida”, afirmou Mattia Menchetti, do Instituto Espanhol de Biologia Evolutiva, citado pelo L’Express.
“Encontrar esta espécie na Itália foi uma grande surpresa, mas sabíamos que esse dia chegaria”, acrescentou o cientista.
“Estamos a esperar por ela há trinta anos, dissemos para nós mesmos que um dia ela iria aparecer e que não saberíamos o que fazer”, sublinha Bernard Kaufmann, especialista em invasões biológicas da Universidade de Lyon, citado por Les Échos.
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A Europa seria um ambiente extremamente favorável à proliferação da formiga-de-fogo: 7% da superfície do continente e mais de 50% das áreas urbanas são adequadas à sua expansão.
O aumento das temperaturas seria um agravante: “O aquecimento global esperado nas tendências atuais favorecerá a expansão desta formiga invasora”, lamentam os cientistas, na mesma reportagem.
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Segundo o Reporterre, várias metrópoles europeias estão particularmente em risco, como Paris, Londres, Barcelona, Roma e Amsterdã.
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“É uma espécie que tem amplo equilíbrio ecológico, é capaz de viver perto das casas, mas também nas lavouras. E é muito difícil erradicá-la”, indicou Philippe Nicolas, entomologista do CNRS, à BFMTV.
A formiga-de-fogo “ataca diretamente diferentes partes da planta como raízes, frutos, flores e caules”, explica Mattia Menchetti, na revista Sciences et Avenir.
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O mesmo cientista lembra ainda que a espécie provoca uma redução na diversidade de invertebrados e pequenos vertebrados onde se estabelece.
A formiga-de-fogo não ataca exclusivamente seres vivos e plantações, também equipamentos elétricos e de comunicação.
Philippe Grandcolas, do Instituto de Ecologia e Meio Ambiente do CNRS, resumiu a situação no TF1: "A formiga de fogo, literalmente, afugenta os vertebrados nos ambientes onde se encontra, o que torna esses ambientes quase inacessíveis, inclusive para os humanos”.
De acordo com um relatório da Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistémicos (IPBES), espécies invasoras deste tipo custam pelo cerca de 423 bilhões de dólares por ano (em escala americana).
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Só nos Estados Unidos, as perdas econômicas associadas apenas à presença da formiga-de-fogo foram estimadas em 6 bilhões de dólares (em escala americana).
A erradicação da formiga-de-fogo já está a ser planejada na Itália. Os cientistas apelam a “esforços coordenados de detecção” e a uma vigilância alargada em grande escala geográfica.