Gripe aviária assola milhões de animais e já chegou a humanos
Nos últimos anos, a gripe aviária não só matou milhões de aves, ao redor do mundo, como infectou diversas espécies de mamíferos marinhos e terrestres, incluindo tigres, focas e golfinhos. Agora, começa a expandir-se para humanos.
Em 2 de abril de 2024, um homem foi infectado no Texas (Estados Unidos), depois de entrar em contato direto com uma vaca, que estava contaminada com o vírus do H5N1, relatou o The New York Times.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, o homem teve apenas um sintoma: olhos inflamados, como uma conjuntivite. O paciente foi medicado com um antiviral para gripe e está em recuperação.
Embora especialistas indiquem que o risco para a população permaneça baixo, a contaminação entre animais é preocupante.
A Dra. Mandy Cohen, diretora do CDC, explicou à NPR: "É a primeira vez que observamos a gripe aviária em bovinos. Como sabemos, as vacas são mamíferos, o que sugere um novo grupo de animais onde o vírus é detectado. Isso implica em mais oportunidades para mutações, portanto, é crucial garantir que permaneçamos um passo à frente dessa situação".
Embora o novo cenário exija maior precaução, a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças ressaltou que não foram registrados casos de contaminação humano-humano.
Desde 2020, quando surgiu a cepa H5N1 na Europa, a gripe espalhou-se e afetou mais de 82 milhões de aves de criação, apenas nos Estados Unidos. É a pior crise de gripe aviária da história do país, segundo o The New York Times.
Na América do Sul, a doença aviária matou dezenas de milhares de mamíferos marinhos, segundo o Comitê Científico de Investigação da Antártida, relatou o UOL.
O problema é tão grave que as comunidades de aves marinhas enfrentam, atualmente, reduções amplas e significativas no número de animais, conforme indicado por uma análise recente, de acordo com o site UOL.
Uma equipe internacional de pesquisadores, entre eles o virólogo espanhol, Antonio Alcamí, do Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa (CSIC-UAM), percorreu a península Antártida e encontrou, na ilha de Beak, 50 aves mortas, da espécie skua, e outras 80 vivas. Destas, 10 foram analisadas e testaram positivo para a gripe aviária.
Antonio Alcamí disse ao jornal El Diario que a situação é preocupante: "Em comparação com os casos anteriores, nunca foram observadas tantas mortalidades de animais selvagens".
"Não sabemos realmente quão suscetíveis serão as espécies de pinguins, mas poderia levar a uma mortalidade de 30%. Então, em uma colônia de 100 mil animais, encontraremos 30 mil carcaças", acrescentou o virologista, ao El Diario.
Na Europa, o número de aves de criação abatidas por precaução contra a gripe aviária é impressionante. A Republica Tcheca registrou 140 mil baixas apenas em 2024.
O governo francês iniciou uma campanha de vacinação de patos contra a gripe aviária, em outubro de 2023. Segundo o jornal Público, o país é o primeiro grande exportador a vacinar aves, em resposta à preocupação com possíveis embargos por nações temerosas de uma possível disseminação do vírus.
Embora o vírus seja frequentemente fatal em aves, ele parece causar uma doença relativamente leve em bovinos.
Segundo especialistas, o leite processado comercialmente continua seguro para o consumo. Além disso, a pasteurização é um processo no qual o leite é aquecido para eliminar possíveis agentes patogênicos.
Além de matar milhares de aves a cada ano, a propagação da gripe aviária para uma variedade crescente de espécies e a expansão de sua área geográfica aumentam os riscos de infecção para os humanos, alertou Monique Eloit, diretora da Organização Mundial da Saúde Animal (WOAH, sigla em inglês), citada pela Forbes.
Autoridades e especialistas recomendam não entrar em contato direto com aves selvagens e evitar que animais de estimação, como cães e gatos, cacem ou comam tais pássaros, já que, caso a ave esteja infectada com o vírus, poderia haver contaminação.
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