Guerra na Ucrânia: a queda do império de Abramovich, dono do Chelsea?
Roman Arkadyevich Abramovich, nascido em Saratov (Rússia), em 1966, é um oligarca, político e proprietário do clube de futebol inglês Chelsea. Com o ataque russo na Ucrânia, ele e outros grandes empresários russos têm sido objeto de sanções econômicas internacionais. Diante da situação, Abramovich pôs o time à venda, mas o governo britânico o proibiu de fazer tal negócio.
Os oligarcas russos são líderes empresariais surgidos no que eram antigas repúblicas soviéticas. Eles acumularam, rapidamente, riqueza, durante a era da privatização russa, na década de 1990. Possuem jatos, iates e mansões, mas, com o início da guerra, estão à beira de um abismo.
Abramovich fez sua fortuna nos anos imediatamente posteriores ao colapso da União Soviética, colocando as mãos em ativos estatais russos, a preços muito abaixo do valor de mercado.
Mas ele não é o único. Como o Business Insider relata, há mais bilionários russos por aí, comprando as propriedades mais valiosas de Londres. Como por exemplo, Alisher Usmanov (foto).
O Daily Mirror garante que o proprietário do Chelsea, Roman Abramovich, conhece o presidente russo, Vladimir Putin, há décadas. A relação deles, agora, está sob a mira do mundo.
A família de Abramovich é judia. Sua mãe, Irina Vasilievna Abramovich, era uma professora de música, que morreu quando ele tinha menos de 2 anos de idade. Seu pai, Aron (Arkady) Abramovich Leibovich, trabalhou no conselho econômico da Komi ASSR, uma república soviética do norte.
The Guardian conta que quando Abramovich tinha 4 anos, seu pai morreu em um acidente de construção. Ele foi então adotado por um tio paterno, e morou, por um tempo, em Moscou. Depois ficou com seus avós maternos, na região norte de Komi.
Abramovich não obteve um diploma universitário. Ele desistiu dos estudos duas vezes. Já no exército, começou a fazer negócios como, por exemplo, "vender gasolina roubada a oficiais", segundo o Gentlemen's Journal.
Abramovich foi casado e divorciado três vezes. Primeiro com Olga Yurevna Lysova, de 1987 a 1990. Mas ele não ficou solteiro por muito tempo. Em 1991, casou-se com Irina Malandina, sua segunda esposa, com quem permaneceu até 2007.
Foi na época de seu casamento com Irina que Roman Abramovich passou da quase pobreza para uma riqueza incrível. Na época da transição da Rússia a um Estado capitalista, ele ganhou dinheiro vendendo caminhões-tanque de diesel. Com facilidades dadas pelo país, na época, conseguiu comprar uma empresa de petróleo do Estado.
Abramovich foi preso em 1992 por desviar um trem cheio de diesel - propriedade do governo - no valor de 3,8 milhões de rublos, usando papéis falsos, segundo o Gentlemen's Journal. Mas as acusações contra ele foram retiradas.
Em 2003, ele comprou o clube de futebol inglês Chelsea. Tornou-se um homem de bilhões que queria expandir seu império de negócios internacionalmente.
Ao separar-se de Abramovich, Irina recebeu dinheiro e bens no valor situado entre 1 e 2 bilhões de libras, da fortuna de seu marido (estimada em 11 bilhões de libras). Os detalhes exatos do acordo nunca foram divulgados, de acordo com o Evening Standard.
Um ano após o divórcio com Irina, Abramovich casou-se com Dasha Zhukova, com quem teve dois filhos (ele já tinha cinco!). O casamento durou de 2008 a 2017.
Abramovich era uma pessoa, relativamente, desconhecida, antes de comprar o Chelsea, em 2003, por US$ 233 milhões. Desde então, ele injetou mais de um bilhão de libras no clube.
O Chelsea conquistou 16 grandes troféus, desde então, incluindo a UEFA Champions League, duas vezes, a UEFA Europa League, outras duas, a Premier League, cinco vezes, e mais cinco FA Cup.
Abramovich é ainda o principal proprietário da empresa de investimentos privados Millhouse LLC. Ele também teve ações em empresas de mineração, gás e petróleo, investiu em empresas de esportes e música, e foi o governador da região russa de Chukotka.
Segundo a revista Forbes, o patrimônio líquido de Abramovich era de US$ 12,9 bilhões, em 2019. Naquele ano, era a segunda pessoa mais rica de Israel, onde obteve um passaporte, em 2018, e a décima primeira da Rússia. Ele também é a pessoa mais rica de Portugal, onde obteve a cidadania, em 2021.
Além dos investimentos em negócios, muitos se perguntam em que Roman Abramovich gasta sua fortuna. Uma das respostas é em sua grande equipe de segurança no Reino Unido.
Segundo o The Times, Abramovich tem um verdadeiro "exército privado", composto por 40 homens. Estima-se que essa proteção custe cerca de 1,2 milhão de libras por ano.
Além disso, de acordo com o Gentleman's Journal, Abramovich surgiu como um grande comprador do mercado internacional de arte. Adquire desde obras de artistas russos, como Ilya Kabakov, a pinturas de Francis Bacon e Lucian Freud, entre outros.
Roman Abramovich também é conhecido por seu amor por iates. Um dos mais impressionantes é o Solaris, que vale mais de 400 milhões de libras, garante o Daily Star. É o superiate feito sob medida mais caro que já entrou na água.
O Mail Online relata que uma festa de Ano Novo promovida por Abramovich custou 5 milhões de libras e contou com um show da Black Eyed Peas. Estiveram presentes celebridades como Demi Moore, a atriz e modelo Rosie Huntington-Whiteley, a modelo Stephanie Seymour, a comediante Ellen DeGeneres, o magnata do cinema Harvey Weinstein e o criador de Star Wars, George Lucas.
Em um artigo publicado por Third Sector, Abramovich faz doações privadas, a maioria destinada à instituições na Rússia. Uma delas é a The Pole of Hope, para quem teria enviado 1,5 bilhão de libras. O objetivo é ajudar os residentes na região ártica de Chukotka, onde foi ex-governador, e criou a Academia Nacional de Futebol.
Após o ataque russo à Ucrânia, os governos do Reino Unido e dos EUA, além da União Europeia, congelaram os ativos estrangeiros desses chamados oligarcas. Segundo a Forbes, Abramovich é um deles. Seu prejuízo, até agora, está estimado em 1,2 bilhão de dólares, ou 8,4% de seus ativos totais.
Em 2 de março, após uma semana de guerra na Ucrânia, Abramovich anunciou que venderia o clube e que uma fundação doaria a 'receita líquida' da venda às vítimas da guerra na Ucrânia, informa a Bloomberg.
Enquanto isso, seu superiate Solaris deixou o porto de Barcelona, em 9 de março, de acordo com a agência Reuters. Isso aconteceu depois de outros iates de oligarcas russos serem apreendidos pelo governo francês e surgirem temores de novas e crescentes sanções europeias.