Guerra na Ucrânia: a tortura promovida por tropas russas em Kherson
A verdadeira dimensão das atrocidades cometidas em Kherson, finalmente, começou a ser revelada, mais de dois meses depois da cidade ser retomada pelas forças ucranianas.
Promotores de Kherson divulgaram suas descobertas à agência de notícias Reuters, em uma tentativa de ajudar o mundo a entender exatamente contra o que o país tem lutado.
Dez locais de detenção ilegais na cidade ucraniana foram encontrados, até o final de janeiro de 2023, nos quais mais de 200 pessoas foram torturadas e outras 400 foram presas, de acordo com a Reuters.
Os promotores também disseram à Reuters que 540 civis ucranianos, que podem ter sido torturados nestes lugares em Kherson, estão desaparecidos.
“De 50 mil relatos de crimes de guerra em todo o país, 7.700 vêm da região de Kherson”, observou o vídeo da Reuters.
A principal autoridade judicial de crimes de guerra da Ucrânia, Andriy Kovalenko, explicou o que estas pessoas enfrentaram, quando estavam dentro de um destes locais habilitados pelas tropas russas.
"Os tipos mais comuns de tortura eram choques elétricos, aplicação de fios elétricos nos órgãos genitais e orelhas. Também jogavam água nas pessoas", disse Kovalenko.
"Isso foi feito de forma sistemática e exaustiva para obter as declarações exigidas pelos ocupantes”, continuou Kovalenko, acrescentando que “bastões de madeira foram usados para espancar as pessoas”.
Kovalenko também disse à Reuters que as autoridades ucranianas encontraram máscaras de gás nos locais de detenção.
As máscaras foram usadas pelas forças russas para sufocar os ucranianos detidos.
As autoridades russas negaram, repetidamente, que seus soldados tenham cometido crimes de guerra durante a “ocupação militar especial” na Ucrânia. Entretanto, as evidências parecem mostrar o contrário.
Kherson foi capturada pelas forças russas nas primeiras semanas da guerra e ficou sob controle do país invasor durante oito meses. Até que, em novembro, os soldados russos fizeram uma retirada apressada.
"Nunca vi uma escala como esta antes", disse Dmytro Lubinets, comissário parlamentar de direitos humanos da Ucrânia. "É simplesmente horrível", completa.
Rumores sobre maus-tratos, abuso e tortura em Kherson, por parte dos russos, chegaram às autoridades ucranianas, mas não puderam ser confirmados até que a cidade voltasse às mãos da Ucrânia.
Lubinets confirmou que as autoridades encontraram “câmaras de tortura” onde os ucranianos foram levados para serem eletrocutados e espancados, com canos de metal, e logo morreram.
Em dezembro de 2022, apenas algumas semanas após a liberação de Kherson, Lubinets afirmou que as autoridades ucranianas haviam descoberto uma instalação onde crianças eram mantidas e torturadas pelos serviços de segurança russos.
"Registramos a tortura de crianças pela primeira vez", disse Lubinets. "Achei que não chegaríamos mais fundo depois de Bucha, Irpin ... mas realmente chegamos, em Kherson."