Imagens desoladoras da pior seca na Amazônia dos últimos 100 anos
A severa seca que atinge a Amazônia é alarmante e preocupa moradores e ambientalistas. As imagens da selva no norte do Brasil impressionam por sua degradação ambiental e suas cidades em estado de emergência.
Trata-se de uma das piores secas dos últimos 100 anos. Ao todo, são 50 municípios do estado do Amazonas em situação de emergência, classificados com seca severa.
Entre as cidades mais afetadas está Manaus, capital do Amazonas, que, recentemente, ficou coberta com uma espessa camada de fumaça, vinda das queimadas próximas da região.
A fumaça era tanta, que as escolas em Manaus abonaram faltas e cancelaram atividades, orientando seus alunos a utilizarem máscaras, durante todo o dia. Isto porque a concentração de partículas no ar era 100 vezes maior que a recomendada pela OMS.
E a tendência é de piora. O cenário de chuvas está 50% abaixo da média e indicam permanência de seca moderada e severa nos estados da região norte, nos próximos meses, informou o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
O Cemaden também informou, com base em dados da Agência Nacional de Águas (ANA), que a situação é preocupante em diversos rios na região, que vêem o volume de suas águas baixar a cada dia.
Rios importantes, como o Negro e o Solimões, que formam o rio Amazonas, têm previsão pessimista e devem ter vazões abaixo da média histórica, reportou o G1.
Para que se tenha uma ideia, em 16 de outubro de 2023, o nível do Rio Negro, em Manaus, registrou o ponto mais baixo desde 1902, com 13,59 metros, publicou a BBC Brasil.
Quem visita o local é assombrado pelo aumento do número de bancos de areia, que ficam cada vez maiores e ainda devem aumentar, até o final do ano.
Enquanto são registrados os menores níveis de água da história, cidades inteiras podem ficar isoladas, já que seu acesso ocorre exclusivamente por via fluvial. Além disso, o transporte de alimentos e medicamentos e o abastecimento de água também ficam prejudicados, segundo a WWF Brasil (World Wide Fund for Nature, em inglês).
Embora haja, naturalmente, épocas de cheia e de seca, a estiagem severa de 2023 é consequência da união de dois fatores, que intensificam a seca na região.
O primeiro fator é o chamado El Niño, ou seja, o aquecimento do Oceano Pacífico equatorial, que, em 2023, está mais forte.
O segundo fator que afeta os índices de chuva da Amazônia é o aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico. Assim, estes dois fatores combinados colaboram para reduzir a quantidade de chuvas, causando uma terrível seca.
De fato, a intensa queda de precipitações na Amazônia, neste ano, transformou a seca meteorológica em uma seca hidrológica, refletida nos baixos níveis de água dos rios, com impactos graves para a biodiversidade, relatou a WWF Brasil.
Por conta disso, espécies de animais aquáticos apareceram mortas, como foi o caso dos 141 botos, no Lago Tefé, no interior do Amazonas, cuja temperatura da água chegou a 40ºC.
"É uma coisa que nunca se viu antes, mesmo em outras secas extremas", disse a pesquisadora Miriam Marmontel, do Instituto Mamirauá, à BBC News Brasil.
“Caso a temperatura do Oceano Atlântico Norte continue aumentando, com as queimadas e o desmatamento no ritmo atual, chegaremos a um ponto em que até populações humanas terão dificuldade para viver na região”, alertou o pesquisador Jochen Schöngart, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), à WWF Brasil.
Para minimizar os danos, o governo federal anunciou um pacote de medidas, como a distribuição de mantimentos às populações afetadas e a dragagem de rios para permitir a navegação, principal meio de transporte na região, informou a BBC Brasil.