Imagens do dia a dia na Rússia enquanto a guerra na Ucrânia continua
É difícil determinar qual é o estado de espírito da sociedade em um país tão grande e complexo como a Rússia. O país ainda vive intimamente ligado ao seu passado soviético e imperial. Na foto, podemos ver o grupo "Jovens Pioneiros", que comemora, em fevereiro de 2023, o trigésimo aniversário do reestabelecimento do Partido Comunista.
Reportagens de diversos meios de comunicação ocidentais informam de uma Rússia onde a propaganda tem um peso muito importante, seja na forma de cartazes de rua, atividades escolares ou o incessante falatório pró-guerra na televisão.
As sanções da União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos contra a Rússia, por enquanto, não tiveram um efeito devastador no país de Putin.
A maioria das empresas, lojas e centros de produção internacionais fechou, na Rússia, mas o FMI calculou que sua economia crescerá 0,3% em 2023, segundo a Euronews.
Sobre as pessoas apoiarem ou rejeitarem a guerra, há pesquisas que mostram dados diferentes. Em março de 2022, uma delas, feita pelo The Washington Post apontava que 58% da população, sim, estava de acordo com a decisão de Putin.
Já em dezembro de 2022, veículos como o USA Today publicaram a informação de que apenas 25% dos russos apoiavam a guerra, segundo uma suposta pesquisa do Kremlin, vazada por uma organização humanitária.
Em um artigo do New York Times, publicado em 20 de janeiro, a manchete afirma que "Putin está criando a Rússia que ele quer". A guerra reforça o nacionalismo russo na população. Trata-se de apoiar soldados na linha de frente, e não é fácil fugir desse tipo de obrigação moral.
Um professor de uma escola siberiana, chamado Sergei Chernyshov, discorda do nacionalismo putinista e disse ao The New York Times: "A sociedade saiu dos trilhos". Ele acrescenta que as noções de bem e mal foram destruídas.
Sergei Chernyshov garante ao jornal que basta dar uma opinião, num chat de pais e mães, que foge da linha oficial para que surjam as acusações de "nazi e colaborador do Ocidente".
Assim, de acordo com relatos sobre o cotidiano na Rússia, divulgados por meios de comunicação ocidentais, há um misto de clima opressor que impede qualquer opinião divergente à do governo.
A verdade é que é quase impossível, em uma conversa pública, ouvir vozes discordantes da guerra.
De fato, quando a invasão começou, a mídia russa foi proibida de usar o termo "guerra". Um exemplo do controle do poder sobre o que se pensa ou se publica.
Entretanto, o suposto entusiasmo pela guerra não é generalizado. Quando Putin anunciou um recrutamento maciço de civis, houve engarrafamentos nas fronteiras e enorme demanda de voos de gente tentando fugir do país. Jovens como Dimitri, a quem pertence o documento militar da imagem, vivem na clandestinidade, para evitar serem enviados ao front.
Para além da opressão, existe um clima de nostalgia da grandeza czarista ou dos tempos em que a União Soviética desafiava os Estados Unidos pelo estatus de grande potência hegemônica internacional.
Quanto a Putin, no Ocidente, as opiniões são unânimes: seu apoio popular que, apesar da repressão e da autocracia, parece muito alto, pode desaparecer se, depois de milhares de mortes, a campanha na Ucrânia acabe sendo um fiasco.
Seja como for, a vida continua na Rússia, o maior país do mundo e com uma população de mais de 143 milhões de habitantes.