Japão se prepara para um terremoto sem precedentes
Em 8 de agosto de 2024, um forte terremoto de magnitude 7,1 atingiu o sul do Japão, com epicentro perto de Nichinan, na costa leste de Kyushu. A partir daí, os investigadores japoneses alertaram para a possibilidade de o país sofrer um “megaterremoto”, a qualquer momento.
Em artigo publicado pela CNN, Yota Sugai, estudante de 23 anos, disse que o alerta na televisão gerou nele um sentimento de urgência e medo, levando-o a garantir suprimentos de emergência, monitorar mapas de áreas de risco e pesquisar como ajudar os seus familiares nas zonas costeiras com planos de evacuação.
Outro estudante, Mashiro Ogawa, de 21 anos, preparou um “kit de emergência” em casa e apelou aos pais para que fizessem o mesmo, relatou a CNN. Além disso, o jovem disse que evitará praias e reorganizará seus móveis para maior segurança, lembrando que o risco sísmico, antes distante, agora lhe parece muito real.
De acordo com o World Earthquakes Live, o Japão é o país com maior risco de terremotos de magnitude superior a 6,5, com um Índice Global de Risco Sísmico de 6,7404. Isto se deve ao fato de estar localizado no Anel de Fogo do Pacífico, quatro placas tectônicas se encontram.
A região em forma de ferradura estende-se por cerca de 40.000 quilômetros, concentra aproximadamente 75% dos vulcões ativos do mundo e é a fonte de cerca de 90% dos terremotos globais.
Em suas zonas de subducção, as placas tectônicas colidem e uma afunda sob a outra. É o que acontece com a do Mar das Filipinas e a Euroasiática.
Foto: Wikipédia.org
A primeira está a mover-se lentamente sob a segunda, que suporta o Japão, avançando vários centímetros por ano, de acordo com um relatório governamental de 2013 do Comitê de Investigação de Terremotos.
Esta zona de subducção gerou a Fossa Nankai, que se estende por 900 quilômetros. Um “megaterremoto” na Fossa Nankai, na costa sul do Japão, poderia desencadear tsunamis que afetariam vários países do Pacífico.
Estes eventos têm o potencial de causar inundações a longas distâncias. Por exemplo, o tsunami de 2011 no Japão atingiu o Chile, e o terremoto de 2004 na Indonésia causou mortes no Quênia, segundo a RTBF.
De acordo com as previsões do governo japonês, existe uma grande probabilidade de ocorrer um novo terremoto de magnitude entre 8 e 9 nos próximos 30 anos.
O Nankai Trough registrou grandes terremotos a cada 100 a 200 anos, com os últimos terremotos de magnitude 8,1 ocorrendo em 1944 e 1946, causando pelo menos 2.500 mortes e extensa devastação.
No entanto, segundo Yoshioka, professor na Universidade de Kobea, a probabilidade de um terremoto na Fossa Nankai ocorrer imediatamente ainda é baixa, com um risco aumentado de menos de 1%.
Robert Geller, sismólogo e professor emérito da Universidade de Tóquio, expressou ceticismo sobre a previsão de um terremoto na Fossa Nankai, chamando-o de “construção fabricada” e de “cenário puramente hipotético”. Ele argumenta que os terremotos não seguem ciclos previsíveis e podem ocorrer a qualquer momento, questionando a validade de basear as previsões em eventos passados.
Esta é a primeira vez que a Agência Meteorológica do Japão (JMA) utiliza o seu novo sistema de alerta, implementado após o devastador terremoto de 2011, que causou um tsunami e um desastre nuclear em Fukushima. Na ocasião, morreram 18.500 mortes. Este terremoto de magnitude 9 continua sendo o último "megaterremoto" registrado no Japão.
Os japoneses estão excepcionalmente preparados para terremotos. O dia 1º de setembro é conhecido, inclusive, como Dia de Preparação para Desastres (防災の日, bousai no hi), em comemoração ao Grande Terremoto de Kanto de 1923, que causou mais de 100.000 mortes em Tóquio e arredores, segundo o site japonisimo. com.
Além da medição sísmica constante (foto), o Japão desenvolveu estratégias como a construção de infraestruturas resilientes e a educação da população. Desde 2007, os smartphones no Japão contam com um sistema de alerta precoce que emite um alarme segundos antes do terremoto, permitindo a tomada de medidas preventivas, segundo web-japan.org.