Líder do Wagner, Prigozhin: uma morte conveniente?
O mercenário-chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, foi dado como morto, na última quarta-feira (24). Ele estaria em um avião particular que caiu entre São Petersburgo e Moscou.
Imagem: Grupo Wagner Telegram/Apostila
O avião levava 10 pessoas e nenhuma teria sobrevivido, de acordo com a agência de notícias estatal russa TASS.
A autoridade de aviação civil da Rússia, Rosaviatsia, confirmou que Prigozhin estava entre os mortos nos destroços da aeronave, encontrados na região de Tver, no norte da área metropolitana de Moscou.
O governo russo também afirmou que o ex-oficial militar Dmitry Utkin, o segundo comandante mais importante do Grupo Wagner, também estava no avião.
Segundo a agência de notícias alemã DW, órgãos de inteligência ocidentais investigam a possibilidade de que o avião tenha sido abatido pelas forças russas. Entretanto, nada neste sentido foi confirmado, até o momento.
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A existência de um segundo avião ligado ao Wagner também foi relatada. A Reuters informou que ele voava para São Petersburgo, mas, de repente, voltou e pousou em Moscou.
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Apoiadores de Prigozhin não demoraram em começar a construir um memorial em sua homenagem, do lado de fora da sede do Grupo Wagner, em São Petersburgo.
De acordo com o The Guardian, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que “não ficou surpreso” com o acidente e deu a entender o envolvimento de Putin: “Não acontece muita coisa na Rússia que Putin não esteja atrás”.
Já Alicia Kearns, membro do Parlamento e chefe da Comissão dos Negócios Estrangeiros da Câmara dos Comuns, argumentou, segundo a BBC, que a rapidez com que o governo russo declarou a morte de Prigozhin é bastante reveladora.
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Quem ainda não comentou nada sobre Prigozhin foi o presidente russo, Vladimir Putin, que estava ocupado comemorando o 80º aniversário da Batalha de Kursk.
Apenas alguns dias antes, Yevgeny Prigozhin apareceu em um vídeo, compartilhado em canais do Telegram conectados ao Grupo Wagner, no qual recrutava forças para se juntarem ao grupo, na África.
Foi a primeira vez que Prigozhin apareceu publicamente desde que liderou uma rebelião de curta duração contra Putin, no final de junho.
Vale lembrar que, durante a rebelião, Putin rotulou Prigozhin, seu antigo aliado, de traidor e pediu punições mais severas contra ele e os amotinados.
No entanto, o governo russo acabou por anistiar os rebeldes, em troca de que fossem integrados nas Forças Armadas Russas. Prigozhin, por sua vez, aceitou viver no exílio na Belarus.
A BBC relata que, apenas alguns dias após a rebelião, um homem identificado como Prigozhin teria participado em uma reunião África-Rússia em São Petersburgo.
O vídeo de 21 de agosto, conforme descrito pelo The Guardian, mostra o chefe mercenário Wagner vestido com uniforme, segurando um rifle semiautomático e parado em uma área deserta, provavelmente na África.
“Wagner está a tornar a Rússia ainda maior em todos os continentes – e a África ainda mais livre”, afirma diante da câmara o homem que se presume ser Prigozhin.
O The Guardian não conseguiu verificar a presença de Prigozhin na África, embora tenha relatado que um avião ligado ao chefe mercenário pousou em Bamako, capital do Mali, alguns dias antes.
O Grupo Wagner possui grandes participações na República Centro-Africana, onde está ligado à mineração de diamantes, e tem centenas de mercenários destacados no Mali.
Na foto: Refugiados malineses na Mauritânia, devido a confrontos violentos entre grupos jihadistas, forças governamentais e mercenários Wagner.
De qualquer forma, vale lembrar que, em outubro de 2019, a Rússia divulgou que o nome de Prigozhin estava na lista de passageiros de um avião militar que caiu, fatalmente, na República Democrática do Congo. Dias depois, novas informações negaram sua presença na aeronave.
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Muitos especialistas especularam que Prigozhin e Utkin eram importantes demais para que Putin se livrasse dele. Agora sem nenhum dos seus principais líderes, resta saber o que acontecerá com o Grupo Wagner.