Luisa González, a candidata que pode marcar uma nova era no Equador
Após as eleições de 9 de fevereiro no Equador, Luisa González, advogada de esquerda e líder da Revolução Cidadã, enfrentará o presidente Daniel Noboa no segundo turno, defendendo propostas progressistas para o país.
Embora algumas pesquisas apontassem Noboa na frente, sua vantagem sobre a advogada no primeiro turno foi mínima: apenas meio ponto percentual, o equivalente a 40 mil votos. Em 13 de abril de 2025, o Equador enfrentará um segundo turno acirrado.
Luisa González comemorou a quebra do recorde de votação da Revolução Cidadã nos últimos dez anos. "Obrigado ao meu povo, ao meu país. Parabenizo também os outros candidatos, como Leonidas Iza, por seus resultados significativos", disse.
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Após 15 meses no cargo, Daniel Noboa, de 37 anos, busca a reeleição em meio a uma crise econômica e aumento da violência. Apesar de favorito, não garantiu a vitória no primeiro turno.
Entre as táticas controversas de Noboa, está a declaração de conflito armado interno em janeiro de 2024 para mobilizar o exército contra o crime organizado. Além disso, o país aprovou a invasão policial da embaixada mexicana em Quito para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, abrigado no local há meses, segundo a BBC News.
No poder desde 2023, ele define-se como centro-esquerda, mas sua política econômica neoliberal conta com o apoio da direita. Segundo a DW, seus discursos concisos e sua relação distante com a imprensa reforçam essa dinâmica.
Luisa González, ex-deputada de esquerda, tem seu rosto estampado na mídia, mas sua conexão com ex-Presidente Rafael Correa segue central na campanha. Segundo Andrea Endara, da Universidade Casa Grande, o apoio e a rejeição a Correa são evidentes, e Noboa soube explorar isso, de acordo com o The Washington Post.
Nascida em Quito, mas com fortes laços com a região costeira de Manabí, Luisa González considera-se "Manabita". Mãe de dois filhos, ela diz ser uma menina inquieta e determinada, que construiu seu próprio caminho, longe da vida rural que parecia destinada a ela.
Estudou Direito na Universidade Internacional do Equador e possui duas pós-graduações: uma em Alta Administração pelo Instituto de Altos Estudos Nacionais e outra em Economia Internacional e Desenvolvimento pela Universidade Complutense de Madri (foto).
Embora de esquerda, ela começou sua carreira política em 2007, como deputada substituta pelo Partido Social Cristão, de direita.
Durante a presidência de Rafael Correa (2007-2017), desempenhou papéis importantes em seu governo, como Secretária de Administração Pública, Coordenadora do Gabinete Presidencial e Secretária Executiva do movimento Revolução Cidadã.
Ao longo da carreira, ocupou cargos no Ministério do Trabalho, na Assembleia Nacional, dissolvida em 2023 por Guillermo Lasso (foto), e no consulado do Equador em Madri, além de atuar em instituições públicas, segundo a AP News.
Em 2024, assumiu a presidência da Revolução Cidadã, da qual também foi secretária.
Com quase 18 milhões de habitantes, o Equador segue dividido entre os que apoiam o legado de Rafael Correa e os que rejeitam seu retorno. Durante a campanha, Luisa buscou amenizar o tom confrontador de seu movimento, focando nos desafios do país e no papel do Estado para resolvê-los.
Com o lema "reviver a Pátria", González promete enfrentar o "neoliberalismo criminoso" e a "direita radical" de Noboa. Seu plano de governo foca em segurança, emprego e serviços públicos gratuitos, reforçando o papel do Estado, segundo a AP News.
A taxa de homicídios caiu durante o governo Noboa, de 46 para 39 por 100 mil habitantes, mas ainda é muito superior aos 7 de 2019. Enquanto isso, sequestros e extorsões aumentaram, intensificando o clima de medo no país, segundo a BBC News.
A candidata propõe coordenação entre Governo, Assembleia e Justiça para combater o crime organizado, além de recriar os Ministérios de Segurança e Justiça e reformar as forças de segurança.
Além disso, segundo a CNN, defende o aumento dos investimentos, a estabilização das receitas não petrolíferas, a geração de empregos e o incentivo ao empreendedorismo por meio de benefícios fiscais.
Se eleita, Luisa González será a segunda mulher a presidir o Equador, após Rosalía Arteaga nos anos 1990. Seu vice, Diego Borja, ex-aliado de Correa, retornou à política nesta eleição, segundo a AP News.
Franklin Ramírez, professor de ciência política em Quito, destacou que Luisa González é a única candidata com uma base política sólida.
Segundo o professor, a Revolução Cidadã acumula experiência no governo e sucessos eleitorais desde a saída de Correa: "Luisa faz parte dessa dinâmica que continua a renovar lideranças", afirmou ao The Washington Post.
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