São Paulo passa fome: pesquisa revela números surpreendentes
A maior cidade do Brasil e da América Latina, São Paulo, sofre uma grave crise de insegurança alimentar, com milhões de pessoas submetidas à privação de alimentos em diferentes intensidades.
É o que apontou o 1º Inquérito sobre a Situação Alimentar no Município de São Paulo, resultado da colaboração entre o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (COMUSAN-SP), o Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional (OBSANPA) e pesquisadores da UNIFESP e UFABC.
Para realizar este inquérito, foram conduzidas entrevistas por pesquisadores do Vox Populi entre maio e julho de 2024, revelando que mais da metade da população de São Paulo enfrenta algum grau de insegurança alimentar.
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Em números, isso significa que 5,8 milhões de pessoas não têm acesso regular e permanente aos alimentos que necessitam.
O resultado da pesquisa impressiona já que a média nacional de pessoas nessa situação é de 27,5%, contra os 50,5% da capital paulista.
Durante a pesquisa, os investigadores classificaram os entrevistados em 4 grupos, de acordo com o grau de insegurança alimentar que enfrentam.
No primeiro grupo, foram classificados os domicílios em situação grave, nos quais houve uma redução na quantidade de alimentos por falta de dinheiro. Nessa condição, a fome torna-se uma realidade presente no cotidiano do lar.
A pesquisa mostrou que, neste grupo, cerca de 1,4 milhões de pessoas (12,5% da população) pularam refeições, sentiram fome ou ficaram um dia inteiro sem comer.
A proporção de domicílios nessa situação no município de São Paulo é três vezes maior que a média nacional (4,0%) e quatro vezes superior à do estado de São Paulo (2,9%).
As regiões periféricas do município são as mais afetadas, com cerca de 72% das pessoas em situação de insegurança alimentar grave (fome).
No segundo grupo, com 1,5 milhões de pessoas (13,5%), ficaram os que relataram reduzir a quantidade de alimentos ou romper os padrões das refeições.
Em uma situação menos severa, mas ainda alarmante, aproximadamente 2,8 milhões de pessoas (24,5%) viviam em lares onde havia preocupação ou incerteza sobre o acesso a alimentos no futuro próximo.
Já a segurança alimentar é a realidade de pouco menos da metade (49,5%) da população do município. As regiões com as maiores proporções de lares nessa condição foram a Oeste e parte da zona Sul.
Durante as entrevistas, 65,5% das pessoas do grupo de insegurança alimentar grave relataram deixar de comprar comida para pagar as contas.
Outro motivo frequente que faz com que as pessoas deixem de comprar alimentos é a necessidade de economizar para pagar o transporte público.
Cerca de 38,6% das pessoas entrevistadas afirmaram ter tomado atitudes que lhes causaram vergonha ou tristeza para conseguir comida.
Devido a um custo de vida superior à média nacional, a situação alimentar de domicílios em São Paulo é pior do que a média nacional, mesmo entre aqueles com a mesma faixa de rendimento.
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