Milagre nos Andes, a incrível história dos sobreviventes da queda de avião de 1972
Já se passaram mais de 50 anos desde que um pequeno grupo de sobreviventes de um acidente de avião nos Andes foi resgatado, após meses lutando contra a fome e o congelamento. No entanto, esta história de resiliência ainda suscita admiração.
Em 13 de outubro de 1972, o voo 571 da Força Aérea Uruguaia viajava de Montevidéu, Uruguai, para Santiago, capital do Chile (foto), com escala em Mendoza, Argentina.
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O avião transportava 40 passageiros e uma tripulação de cinco pessoas. Dezenove passageiros faziam parte do Old Christians Club do Uruguai, time de rugby com sede em Montevidéu que fretou o voo.
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O avião, um turboélice bimotor Fairchild F-27, não foi construído para voar acima de 7.000 metros, então o plano era contornar os Andes através do Passo de Planchón para chegar a Santiago.
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No entanto, o copiloto calculou mal a distância da Cordilheira dos Andes e começou a voar para pousar, o que se tornou um erro fatal.
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Conforme relata a ABC News, o avião bateu em uma montanha, arrancando as asas e a cauda. O resto da fuselagem deslizou para o fundo de um remoto vale andino na Argentina, perto da fronteira com o Chile.
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As autoridades locais revistaram as montanhas durante oito dias, mas o clima severo e o ambiente hostil levaram muitos a presumir que todos a bordo do voo 571 haviam morrido.
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A neve dos Andes tornou quase impossível que o avião branco Fairchild se destacasse, tornando a busca pelo voo 571 ainda mais difícil.
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Um total de 12 pessoas morreu durante a queda do avião e 33 sobreviveram, embora com vários feridos graves.
Aquele era apenas o começo da provação que os sobreviventes teriam que enfrentar contra o tempo e os elementos.
Por sorte, a fuselagem do avião permaneceu praticamente intacta, funcionando como um abrigo improvisado para os sobreviventes. Entretanto, apesar de eles usarem bagagens e assentos para tapar os buracos, nunca estavam protegidos totalmente do vento e da neve.
Na foto: Um Fairchild F-27, semelhante ao do acidente do voo 571.
Entre os sobreviventes, estavam dois estudantes de medicina, Roberto Canessa e Gustavo Zerbino. Segundo o The Guardian, eles improvisaram curativos com roupas rasgadas e usaram neve para tratar ferimentos inchados.
Na foto: Gustavo Zerbino com boné do Old Christians Club, em 2023.
O maior problema era a falta de comida e água. Os sobreviventes só tinham os típicos lanches servidos em um voo fretado: biscoitos, barras de chocolate, vinho, nozes, potes de geleia e alguns doces.
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Apesar de estarem rodeados de neve, não era possível derretê-la, e comê-la era muito doloroso, já que queimava a garganta e rachava os lábios.
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Logo, os sobreviventes encontraram uma maneira de derreter a neve usando os destroços do avião. No entanto, encontrar comida era mais complicado.
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No décimo primeiro dia após a queda do avião, os sobreviventes souberam por meio de um rádio transistor que a busca por eles havia sido cancelada. Com alguns deles morrendo devido aos ferimentos e às condições climáticas extremas, a possibilidade de recorrer ao c a n i b a l i s m o estava em jogo.
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“Apertamos nossas mãos e dissemos: 'Se eu morrer, por favor, use meu corpo. Pelo menos você poderá sair daqui. E diga à minha família o quanto eu os amo'”. Estas foram as palavras usadas por Nando Parrado, naquele momento, segundo contou à ABC News. Ele sobreviveu, mas sua mãe e irmãm não.
Na foto: Nando Parrado em 2019, em Madri, Espanha.
No 16.º dia, 29 de outubro, uma avalanche soterrou o abrigo improvisado, matando oito pessoas. Durante horas, os sobreviventes restantes foram forçados a cavar para sair da neve, no meio da escuridão.
Uma segunda avalanche, a escassez de alimentos e as temperaturas abaixo de zero criaram uma perspectiva sombria para os sobreviventes presos nos Andes. No dia 12 de dezembro, mais de 60 dias depois do acidente, apenas 16 pessoas estavam vivas. Três delas se aventuraram em busca da civilização.
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Depois de caminhar 60 quilômetros, em 10 dias, e em altitudes de mais de 4.000 quilômetros, Nando Parrado e Roberto Canessa encontraram pastores locais do outro lado de um rio. Eles atiraram uma pedra neles com um bilhete dizendo que eram os sobreviventes da queda do avião.
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Com a orientação de Nando Parrado, dois helicópteros conseguiram localizar a fuselagem do avião com os 14 sobreviventes restantes. Por causa do mau tempo, foram necessários dois dias para que todos fossem resgatados.
A história, apelidada de "Milagre nos Andes", desde então, inspirou muitas produções literárias e audio-visuais. Alguns sobreviventes escreveram livros sobre sua experiência.
Foto: Nando Parrado e Roberto Canessa, em entrevista coletiva em 1974.
A produção mais memorável é, provavelmente, o filme ‘Alive’, de 1993, com Ethan Hawke e John Malkovich.
Em 2023, a Netflix lançou o filme em espanhol ‘A Sociedade da Neve’.
De acordo com o The Guardian, Nando Parrado, Roberto Canessa e muitos outros sobreviventes tiveram vidas longas e gratificantes.
Aqui eles podem ser vistos em uma foto tirada em 2002 em Santiago, Chile.
O pai de Parrado, falecido em 2006, pediu que suas cinzas fossem espalhadas no local do acidente para descansar com a esposa e a filha, que não conseguiram sair da montanha com vida.