Milei e Trump, cada vez mais próximos: uma ameaça para a América?
Recentemente, o presidente da Argentina, Javier Milei, fez questão de abraçar Donald Trump, ex-presidente dos EUA, que muitos acreditam sair vencedor, na próxima eleição presidencial estadunidense.
O encontro, conforme descreveu o jornal espanhol El Mundo, ocorreu no dia 24 de fevereiro, nos bastidores da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), realizada na cidade de Washington.
Imagem: Twitter oficial do El Mundo
A Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) é um evento anual, realizado pela primeira vez em 1974, em que Ronald Reagan fez o discurso inaugural.
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Em 2011, Donald Trump fez um discurso no CPAC, o que a CNN clasificou como o início da carreira política de Trump, dentro do Partido Republicano.
Milei não foi o único ícone da extrema direita latino-americana a aparecer na CPAC. O presidente salvadorenho Nayib Bukele também compareceu à conferência de Washington.
Um vídeo, gravado por um dos assistentes de Trump, mostra o presidente argentino visivelmente emocionado, ao abraçar o ex-presidente dos EUA.
“Torne a Argentina grande novamente!”, disse Trump, enquanto abraçava Milei, ambos com largos sorrisos.
Durante um comício político posterior, na Virgínia Ocidental, Trump referiu-se a Milei nos melhores termos: "Gosto dele porque ele gosta de Trump. Gosto de qualquer pessoa que adore o Trump".
O jornal argentino El Clarín informou que Milei retornou à Argentina para lidar com os problemas internos causados por seus reajustes econômicos, especialmente com os governadores do interior do país.
Atualmente, Trump lidera tanto a indicação do Partido Republicano quanto boa parte das pesquisas sobre uma possível disputa eleitoral contra Joe Biden, como apontou o site de estatísticas FiveThirtyEight.
Isso levanta questões sobre como uma possível aliança de extrema direita entre Washington e Buenos Aires afetará a América Latina e o restante do mundo.
"Pessoas de todo o mundo estão conosco nesta sala", declarou Trump, durante a conferência em Washington, relatou a France24. Ele descreveu a CPAC como um encontro internacional de extrema direita.
Além de Milei, Trump mencionou Santiago Abascal como um de seus aliados internacionais presentes na conferência. Abascal é líder do partido espanhol Vox, também de extrema-direita.
Ele também citou o nome do deputado federal brasileiro, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Por outro lado, a BBC classificou Javier Milei e Nayib Bukele como referências para o trumpismo estadunidense. No entanto, alertou: não se trata apenas de uma direita unidirecional, dos EUA para outras regiões, mas sim de uma retroalimentação entre diferentes frentes.
A ideia deste ultraeixo não se limita ao continente americano. O Governo de Giorgia Meloni (foto), na Itália, e a presença dos movimentos políticos liderados por Santiago Abascal, na Espanha, e Marine Le Pen, na França, abrem uma frente europeia de possíveis alianças.
A conferência ultraconservadora CPAC, nascida para ter uma frente conservadora unida nos Estados Unidos, já organizou conferências na Austrália, Brasil, Coreia do Sul, Hungria, Israel, Japão e México.
Erica Frantz, professora de ciências políticas na Universidade Estadual de Michigan, disse à BBC que esta relação entre Trump e os líderes internacionais de extrema direita representa uma aliança com vantagens para ambos os lados.
“Para Trump e sua base de apoio conservadora, é uma oportunidade de sinalizar que seu estilo de governo de homem forte é popular e ganha cada vez mais força fora dos EUA”, disse Frantz, à BBC.
Para Milei e Bukele, conviver com a elite conservadora dos Estados Unidos representa uma aposta que poderá render grandes lucros, especialmente se Trump regressar à Casa Branca.
No entanto, é importante lembra que, há pouco tempo, boa parte da América Latina era governada por aliados dos Estados Unidos. Durante décadas, foram feitas tentativas para criar e fortalecer instituições democráticas, justamente para evitar as tragédias do populismo e do autoritarismo.
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