Misteriosos ataques de orcas aumentam no sul da Espanha
Em maio deste ano, foram relatados vários ataques de orcas a barcos, nas águas do Estreito de Gibraltar, entre a Espanha e o Marrocos. Um veleiro de bandeira britânica, por exemplo, quase afundou. Foi a intervenção de um helicóptero de salvamento marítimo o que evitou a tragédia, ao conseguir evacuar os quatro tripulantes.
Neste caso, eram três orcas, que nadavam perto da costa de Barbate, localidade da província de Cádiz. Elas quebraram o leme e abriram um grande vazamento na caixa do veleiro, segundo a Reuters.
O afundamento total da embarcação foi evitado com a ajuda de uma bomba d'água para a drenagem, fornecido pelo resgate marítimo. Do contrário, o oceano poderia haver engolido o barco e sua tripulação.
O alvo das orcas costuma ser pequenas embarcações (principalmente veleiros). Entretanto os biólogos recusam-se a chamar suas ações de "ataques", embora estejam a aumentar e a ser cada vez mais perigosas.
Em 2022, segundo a Reuters, foram registradoas 270 “interações” (forma descrita pelas autoridades marítimas) de orcas com embarcações de recreio. E continuaram em 2023. Só no último mês de maio foram 20. As orcas, muitas vezes em grupos, abalroam barcos que não são muito grandes, causando danos significativos.
Imagem: David Ramirez/Unsplash
Algumas testemunhos relatam uma verdadeira angústia perante a ação das orcas. Em 2021, um casal que fez o percurso entre os Açores e Barcelona garantiu ao El Independiente: "Ficamos rodeados por 15 orcas durante uma hora."
Aconteceu também nas águas de Barbate, cidade de Cádiz, também no sul da Espanha. Os tripulantes telefonaram para a Salvamento Marítimo, que, antes de chegar para socorrê-los, explicou-lhes como seguir um protocolo rígido (que consiste basicamente em deixar-se abalar). Temiam um naufrágio.
Os biólogos ainda não têm uma ideia concreta de por que esses ataques são desenfreados. Alguns suspeitam que essa prática tenha sido instituída entre as orcas como aprendizado para educar baleias menores, já que elas também estão presentes neste momento.
De fato, nos depoimentos de quem estava nos barcos presos, algo se repete: a liderança das orcas adultas. Como se, realmente, dessem instruções às demais.
Em todo caso, o que se recomenda é desligar os motores, abaixar as velas, largar o leme, deixar o bote balançar o tempo que as orcas quiserem e, principalmente, ficar longe das asas.
Imagem: Daniel Kuruvilla/Unsplash
Não houve feridos graves entre os que estavam nos barcos "atacados", mas estes ficaram com sérios danos. A quebra do leme é o mais comum. A área ao redor de Cape Trafalgar (foto) é um dos pontos quentes para ataques.
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A orca é tradicionalmente conhecida como "baleia assassina", de forma absolutamente injustificada. São animais pacíficos. De fato, os biólogos insistem que nem mesmo o que está a ser visto no Estreito de Gibraltar pode ser considerado um ataque. As orcas não querem comer seres humanos.
Imagem: Rémi Boudousquié / Unsplash
Sim, já foi possível registrar, em gravações, ataques de orcas a tubarões brancos na Baía de São Francisco. Mas trata-se de pura sobrevivência, vida selvagem, comida. Devemos insistir que a carne humana não está no cardápio dessas baleias.
As orcas geralmente comem peixes grandes e, se houver em sua área, focas.
Imagem: Keith Luke/Unsplash
As orcas, como outras baleias, são animais altamente inteligentes. Usam artimanhas para caçar (fazem de conta que estão encalhados numa praia para enganar as focas e apanhá-las de surpresa), organizam-se socialmente em grupos (normalmente pequenos), brincam com os barcos...
Imagem: Nitesh Jain/Unsplash
Uma curiosidade: orcas machos vivem, em média, 17 anos; orcas fêmeas, 29. Mas há casos conhecidos de orcas centenárias.
Imagem: Ryan Stone/Unsplash
A captura de orcas para seu confinamento em parques marinhos é uma prática mais do que discutível.
Animais que costumam fazer centenas de quilômetros por dia pelo mar ficam presos em piscinas. Seu cérebro sofre e ataques fatais de orcas em cativeiro a seus treinadores foram relatados.
Imagem: Tim Cole/Unsplash
Na foto, pessoas observam Kiska, conhecida como "a orca mais solitária do mundo", que viveu em cativeiro quarenta anos, em um parque temático do Canadá. Nos seus últimos anos de vida, ela batia contra o vidro do aquário.
De qualquer forma, para evitar acidentes graves, as autoridades marítimas espanholas decidiram proibir, de forma temporária, a navegação de barcos à vela ou a motor com menos de 15 metros em certas áreas. Também é proibido fundear fora das áreas marcadas.
Imagem: José Antonio Jiménez Macías / Unsplash
A náutica de recreio experimentou um verdadeiro boom nos últimos anos. Há cada vez mais embarcações deste tipo no mar e esquecemos que o mar pertence aos seus habitantes originários: as criaturas que fazem destas águas a sua casa.
Imagem: Mike Doherty/Unsplash