Mouth taping: o que está por trás da moda de dormir com a boca tapada com esparadrapo
Em 2023, uma pesquisa nos Estados Unidos revelou que mais de 10% dos 2.005 adultos pesquisados haviam experimentado a tendência conhecida como "mouth taping", segundo a National Geographic.
Essa tendência, que serve, supostamente, para estimular a respiração pelo nariz durante o sono, entre outros benefícios, ganhou espaço no mundo. Além disso, viralizou nas redes sociais, onde diversos influenciadores relatam suas experiências, como aponta o WebMD.
O mouth taping também ajudaria a diminuir o mau hálito ao acordar, ao mantê-la fechada durante toda a noite e evitando que se seque. Além disso, poderia melhorar a saúde bucal ao promover um ambiente mais húmido na cavidade oral, o que aumentaria a produção de saliva e, por sua vez, protegeria contra cáries e doenças gengivais.
Além disso, acredita-se que o mouth taping pode promover um sono mais profundo e reparador, reduzindo as interrupções causadas pela respiração bucal.
De fato, ao contrário da respiração bucal, a respiração nasal regula a temperatura do ar e filtra os alérgenos antes que cheguem aos pulmões. Durante o sono, a respiração nasal também apresenta menos resistência nas vias aéreas superiores, facilitando uma melhor ventilação, segundo o especialista Batool-Anwar, diretor do programa de bolsas de Medicina do Sono do Massachusetts General Brigham, nos EUA.
Melhorar a respiração nasal através do mouth taping, segundo seus adeptos, também pode fortalecer os músculos nasais e aumentar a produção de óxido nítrico, com benefícios potenciais para a saúde cardiovascular.
Alguns atletas afirmam que o uso de mouth taping melhora o desempenho físico e acelera a recuperação muscular.
Outro benefício seria a diminuição do ronco, o que afetaria positivamente à pessoa que dorme ao lado. Porém, o que dizem os especialistas?
A Sleep Foundation indica que um estudo em pessoas com apneia obstrutiva leve revelou que o uso de um adesivo na boca realmente promoveu a respiração nasal, reduzindo o ronco e os episódios de apneia. No entanto, a sua eficácia em pessoas sem apneia ainda precisa ser investigada.
Por outro lado, Indira Gurubhagavatula, professora de medicina da Universidade da Pensilvânia, alerta que quem tem apneia do sono ou problemas pulmonares deve ter cuidado ao usar fita adesiva bucal.
A apneia obstrutiva do sono, que afeta aproximadamente 1 bilhão (em escala americana) de pessoas em todo o mundo, pode ser agravada por essa prática, segundo artigo da National Geographic.
Já a Fundação do Sono alerta sobre possíveis distúrbios do sono, dificuldades para respirar pelo nariz e irritação ou dor nos lábios ao retirar a fita.
O uso de mouth taping durante o sono pode causar ansiedade e claustrofobia em algumas pessoas, aspecto importante a ser considerado na avaliação dos possíveis benefícios e riscos dessa prática.
Finalmente, esta prática pode agravar problemas respiratórios em pessoas com congestão nasal, complicando ainda mais a sua capacidade de respirar adequadamente à noite.
Gurubhagavatula recomenda que, se uma pessoa recorre habitualmente à respiração bucal, é fundamental identificar possíveis obstruções nasais, como congestão por alergias, infecções, presença de pólipos ou desvio de septo, entre outras alterações estruturais.
A Harvard Health Publishing destaca diversas técnicas para otimizar a respiração nasal, sendo uma das mais eficazes a prática de exercícios respiratórios conscientes. Esses exercícios não apenas fortalecem os músculos respiratórios, mas também aumentam a consciência dos padrões respiratórios.
Outro método recomendado é a irrigação nasal com soro fisiológico, técnica eficaz para remover o excesso de muco e manter as fossas nasais limpas e desobstruídas.
Dormir de lado, e não de costas, promove a respiração nasal e pode melhorar a qualidade do sono.
Manter a umidificação adequada do ambiente é fundamental, pois o ar seco pode irritar o trato respiratório, dificultando a respiração nasal e afetando a qualidade do sono.
Batool-Anwar recomenda que a chave para otimizar os hábitos de sono é manter uma higiene adequada do sono. Isso envolve estabelecer horários regulares, evitar telas eletrônicas antes de dormir e dormir em um quarto escuro.
“É melhor consultar o seu médico primário para encaminhá-lo para um especialista certificado em sono, que pode chegar à raiz do problema e ajudar a resolvê-lo de forma eficaz”, aconselha Gurubhagavatula.
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