O 'El Niño' está de volta; como nos afetará?
O El Niño é definido pela National Geographic como "um padrão climático que leva ao aquecimento incomum das águas superficiais, no leste do Oceano Pacífico equatorial, e afeta os ventos alísios e a atmosfera".
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas (OMM), o El Niño ocorre a cada dois a sete anos, e dura de nove a 12 meses.
O El Niño é declarado quando as temperaturas da superfície do mar no Pacífico o r i e n t a l tropical sobem para pelo menos 0,5ºC acima da média de longo prazo. Embora seja um fenômeno climático natural, as ações humanas podem agravar seus efeitos.
O El Niño voltou após três anos consecutivos de La Niña, um padrão climático de resfriamento. De acordo com a NASA, seus efeitos durante o inverno no hemisfério norte podem ser devastadores.
Os efeitos do El Niño já foram sentidos durante o verão de 2023, no hemisfério norte, que foi considerado o mais quente da Terra, desde o século XIX.
Os especialistas afirmam que, à medida que o El Niño faz com que a água quente do Oceano Pacífico se desloque para leste, a corrente de jato do Pacífico se deslocará da sua posição neutra para o sul.
Como resultado, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) prevê que o norte dos EUA e o Canadá terão um inverno mais ameno e seco do que o habitual.
Em contraste, o Sudeste e a Costa do Golfo terão um inverno mais chuvoso, aumentando as chances de inundações.
Quanto à Europa, os especialistas disseram ao The Guardian que esperam um inverno mais húmido do que a média, no sul do continente, e mais seco e frio, no norte.
Com relação aos países mais próximos do Oceano Pacífico, como o Japão, a Austrália, a Nova Zelândia e a Indonésia, muito provavelmente, o clima será mais quente e seco no final de 2023 e no início de 2024.
O El Niño já afetou o inverno na América do Sul, que, segundo reportagem sobre o assunto da VOX, foi o mais quente e seco já registrado.
No entanto, de acordo com Matilde Rusticucci, cientista atmosférica da Universidade de Buenos Aires, em entrevista para a VOX, à medida que a primavera se transforma em verão, o El Niño, provavelmente, trará fortes chuvas a grande parte da América do Sul, o que poderá causar inundações. De fato, isso já pôde ser visto no sul do Brasil, há pouco tempo.
Todos os especialistas em clima concordam que haverá uma maior probabilidade de monções na Índia, chuvas fortes na África O r i e n t a l e inundações durante o final de 2023 e início de 2024. Por outro lado, espera-se que o El Niño cause uma redução substancial na quantidade de precipitação na África do Sul.
Além disso, os cientistas climáticos da NOAA alertam que o El Niño aumenta a probabilidade de furacões no Oceano Pacífico, e ilhas como o Havaí correrão um risco elevado de sofrer ciclones tropicais, no final de 2023.
Assim, os próximos meses serão desafiadores e extremamente dispendiosos a nível global. De acordo com um estudo publicado na Science, o El Niño causou, em 1997-1998, prejuízos de 5,7 bilhões de dólares (em escala americana), em todo o mundo, e contribuiu para a morte de 23 mil pessoas.
Se o El Niño era tão grave há 25 anos, agora, os efeitos serão ainda piores. Os especialistas em clima esperam que as temperaturas sejam cerca de 0,2 ºC mais altas do que a média global, o que poderá ultrapassar o limite crítico de aquecimento global de 1,5 ºC.
O professor Adam Scaife, do Met Office do Reino Unido, disse ao The Guardian: "A probabilidade de ter o primeiro ano a 1,5 graus Celsius no próximo período de cinco anos é agora cerca de 50%".