O muro contra a imigração que países europeus querem construir
“Precisamos deter a imigração ilegal na UE”, disse Karl Nehammer, chanceler austríaco, enfaticamente, em uma reunião recente, em Bruxelas. Segundo a Reuters, ele sugeriu um muro ou cerca para isso, o que, inevitavelmente, lembra o projeto de Trump na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Pertencente ao partido conservador ÖVP, Karl Nehammer defende que esta construção deveria ser financiada pela União Europeia: “Precisamos do dinheiro para isso, não importa se o nome é cerca ou infraestrutura de fronteira”.
Alusões a este tipo de medidas contra a aguda crise de refugiados na União Europeia são raramente expressadas e causam rejeição em outros líderes da região.
No entanto, a extrema direita que governa alguns países europeus, representada pelo primeiro- ministro húngaro, Viktor Orban, e pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, apoia a construção de muros.
De fato, Orban garantiu que o único problema com a barreira que mandou construir na fronteira de seu país é que "não é alto o suficiente".
Assim, no dia 11 de fevereiro, em uma reunião sobre política migratória, a União Europeia confirmou que concederá ajuda para a construção de cercas ou muros.
Nehammer insistiu que a Europa está em crise aguda e que, por isso, providências claras e rápidas devem ser tomadas.
O chanceler austríaco disse, segundo o jornal alemão Bild: "A proteção das fronteiras externas da UE é uma necessidade, não um capricho."
E continuou: "Se a Europa não puder proteger suas fronteiras, o espaço Schengen levará ao absurdo".
"É inaceitável que os imigrantes que cruzam países terceiros seguros também cruzem as fronteiras externas da UE sem obstáculos", acredita o chanceler da Áustria.
Em oposição, Xavier Bettel, primeiro-ministro de Luxemburgo, perguntou, segundo a Reuters: "Queremos transformar a Europa em uma fortaleza?"
O debate na Europa é muito intenso em torno do dilema das ondas migratórias e dos refugiados que chegam.
De acordo com o jornal Deutsche Welle, "em 2022, houve um aumento dramático no número de pedidos de asilo na UE. Foram 924.000, segundo a Comissão Europeia, em comparação com 630.000 em 2021."
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, em uma declaração do governo, também pediu um melhor controle das fronteiras externas da UE.
Segundo o jornal alemão Bild, ele disse: "Está muito claro: quem não recebe o direito de ficar aqui tem que sair da Alemanha. Por isso reduzimos os obstáculos legais à expulsão de criminosos e perigosos, e estenderam a detenção até a deportação”.
A pressão migratória é considerada um problema tanto para o chanceler alemão social-democrata quanto para o austríaco conservador, mas isso não significa que ambos concordem exatamente sobre as políticas a serem seguidas (e financiadas) pela União Europeia.
A Áustria e outros 7 países da UE entregaram uma carta à Presidenta da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, e ao Presidente do Conselho da UE, Charles Michel, que lista as exigências para encontrar uma solução.
O que a experiência na Europa e nos Estados Unidos tem demonstrado é que tentar frear com muros as ondas migratórias, causadas pela guerra ou pela pobreza, não costuma dar grandes resultados.