O país que mais tem ajudado a Rússia
Essa paisagem urbana pertence a Astana, a capital de uma ex-república soviética que, talvez, seja a nação que mais tem ajudado a Rússia, em sua guerra contra a Ucrânia.
Trata-se do Cazaquistão. Na foto, o presidente cazaque, Jomart Tokaev. Mas como um país tão pequena tornou-se imprescindível para Putin?
Depois de mais de um ano de conflito, parece claro que o isolamento econômico e comercial da Rússia, almejado pelas nações ocidentais, não foi tão drástico.
As relações de Moscou com a China, o Quirguistão e a Belarus, por exemplo, continuam boas e os laços comerciais com outros países, como a Índia e várias nações latino-americanas e africanas, também não foram rompidos.
Neste contexto, uma investigação realizada pelo Der Spiegel'y Vazhniye Istorii sugere que o Cazaquistão teria ajudado Moscou a obter drones e microtecnologia do mercado ocidental.
O veículo recorreu a documentos do Escritório Nacional de Estatística do Cazaquistão, que mostram dados surpreendentes.
"As estatísticas mostram que o Cazaquistão ajuda a Rússia a escapar das sanções", diz a investigação.
“Em 2021, Astana importou microchips no valor de 35 milhões de dólares (em linha com os anos anteriores), enquanto, em 2022, o valor subiu para 75 milhões”, aponta.
Com relação às exportações, segundo o Vazhniye Istorii, os microchips que o Cazaquistão exportou para a Rússia passaram de um valor de 245 mil dólares em 2021 a 18 milhões de dólares, em 2022.
"A mesma situação é observada com drones. Em 2021, o Escritório Nacional de Estatística do Cazaquistão nem mencionou drones em seu relatório de importação e exportação", diz a investigação jornalística.
No entanto, em 2022, no auge da guerra, "o Cazaquistão importou drones por 5 milhões de dólares e exportou drones para a Rússia por 1,2 milhão".
Especificamente, foi a empresa cazaque Aspan Arba a responsável de importar mais de 500 drones para a Rússia, em 2022, apesar de dedicar-se, segundo seu perfil, ao fornecimento desses equipamentos para a indústria siderúrgica, agricultura e serviços de emergência.
Foto: Web Aspan Arba
Aspan Arba, conforme relatado pelo Vazhniye Istorii, teria enviado os drones para a empresa russa Nebésnaya Mejánica.
O elo entre as duas empresas seria os dois diretores de ambas: Ilyá Goldberg e Mikhail Sapózhnikovc.
Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, mostrou preocupação: "Nosso objetivo é enfraquecer e parar a máquina de guerra russa. A União Europeia leva isso muito a sério."
Diante desse cenário, o ministro das Finanças do Cazaquistão, Erulán Zhamaubaev, confirmou que seu país fortalecerá os controles para impedir o fornecimento de drones e componentes eletrônicos à Rússia, a partir do solo cazaque.
"Vamos adicionar um sistema de controle de risco e, se algo vazar, vamos detectá-lo e interrompê-lo. Verificaremos as informações sobre as empresas específicas sobre as quais somos informados", concluiu Zhamaubaev.