O plano secreto de Macron e da China para a guerra na Ucrânia
O presidente francês, Emmanuel Macron, iniciou, supostamente, a formulação de um plano, com a China, para acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, por meio de uma nova rodada de negociações de paz.
De acordo com a Bloomberg News, Macron pediu ao diplomata francês Emmanuel Bonne para trabalhar com o ex-ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, nesta iniciativa.
Bloomberg acrescentou que pessoas próximas ao plano disseram que, se tudo correr bem, Macron espera ter autoridades russas e ucranianas na mesma sala, logo no início do verão do hemisfério norte.
Em 5 de abril, Macron voou para a China para uma visita de três dias que incluiu discussões sobre a situação na Ucrânia e o que o presidente Xi Jinping poderia fazer para ajudar a acabar com o conflito.
“A agressão russa na Ucrânia foi um golpe para a estabilidade”, disse Macron em referência à tênue ordem mundial interrompida pela invasão da Ucrânia por Vladimir Putin.
"Eu sei que posso contar com vocês para trazer a Rússia de volta à razão e trazer todos de volta à mesa de negociações", acrescentou Macron, de acordo com a NBC News.
Embora o presidente Xi não tenha falado diretamente com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu “conversações de paz e busca uma solução política”, além de “contenção racional” da comunidade internacional.
Xi e Zelensky não se falam desde antes de a Rússia invadir a Ucrânia, de acordo com a Bloomberg, mas cada líder fez aberturas públicas sobre a realização de negociações bilaterais.
No final de março, Zelensky disse que estava pronto para falar com o presidente Xi a qualquer momento, depois que a China divulgou uma proposta de 12 pontos para orientar o fim diplomático da guerra.
"Estamos prontos para vê-lo aqui", disse Zelensky à Associated Press, em 29 de março. "Quero falar com ele. Tive contato com ele antes da guerra em grande escala. Mas durante todo esse ano, mais de um ano, não tive", completou.
Em 6 de abril, Xi expressou seu interesse em falar com Zelensky, mas não forneceu um prazo para que as conversas pudessem acontecer, de acordo com a Reuters.
O presidente francês não desistiu de suas ambições de ter a China desempenhando um papel importante no fim do conflito na Ucrânia. Bloomberg confirmou com um funcionário do escritório de Macron que realmente havia um plano para que Bonne falasse com Wang.
Mesmo que as autoridades francesas pudessem elaborar um plano com as autoridades chinesas para acabar com a guerra, a grande questão seria se a Ucrânia aceitaria ou não retornar às negociações de paz, depois de tudo o que aconteceu desde o fim das negociações anteriores.
“Não está claro se Macron tem apoio para seu plano de Kiev e seus aliados, muitos dos quais rejeitaram propostas de cessar-fogo que permitiriam à Rússia manter ganhos territoriais”, escreveram Ania Nussbaum e Alberto Nardelli, da Bloomberg.
“Muitas nações também estão céticas de que a China possa servir como um intermediário neutro, dada sua 'amizade sem limites' com a Rússia”, acrescentaram Nussbaum e Nardelli.
Oleksandr Merezhko é membro do Parlamento da Ucrânia e presidente do Comitê de Relações Exteriores do país. Em março, ele observou como os dois encontros do presidente Xi com Putin pareciam mostrar que o presidente chinês já havia tomado partido no conflito.
"Quando Xi está ansioso para ir a Putin, mas não quer encontrar Zelensky, é um sinal claro de que a China está do lado da Rússia. Duvido que Xi vá à Ucrânia", disse Merezhko, segundo John Feng, da Newsweek.
Independentemente do que aconteça, os esforços de Macron são válidos. O conflito na Ucrânia representa o maior risco existencial que a humanidade já enfrentou desde o fim da Guerra Fria e trabalhar em busca de uma solução nunca é uma má ideia.