O que será dos russos que fogem do recrutamento militar?
Vladimir Putin surpreendeu a população da própria Rússia ao anunciar o recrutamento de milhares de reservistas para lutar na Ucrânia. É a primeira mobilização do tipo, no país, desde a Segunda Guerra Mundial.
A decisão do Kremlin fez com que homens em idade militar apressassem-se para deixar a Rússia, desde então. Entre as consequências da iniciativa, os preços dos voos de lá para outros países dispararam.
No entanto, as opções de rotas fora da Rússia são muito limitadas. No final de setembro, os cinco países da União Europeia que fazem fronteira com a Rússia anunciaram que não permitiriam mais a entrada de russos com vistos de turista.
De fato, a Estônia, Letônia e Lituânia fecharam suas fronteiras em 19 de setembro para a maioria dos cidadãos russos. Dois dias depois, a Polônia fez o mesmo.
A Finlândia permaneceu aberta até 24 de setembro, quando também anunciou restrições em resposta a uma onda de russos que tentaram entrar no país, recentemente.
Acontece que fugir do recrutamento não é considerado motivo para buscar asilo. Pelo menos por enquanto.
A porta-voz da Comissão Europeia para assuntos internos, Anitta Hipper, disse que o bloco se reunirá para discutir a emissão de vistos humanitários para russos que fogem da mobilização.
Muitos russos recorreram às estradas, e enormes filas de carros formaram-se na fronteira com a Geórgia. Os tempos de espera eram de pelo menos 12 horas para entrar no país, que não exige visto de viagem para os russos.
Os voos diretos de Moscou para Istambul, Yerevan, Tashkent e Baku, as capitais dos países que permitem a entrada de russos sem visto, esgotaram rapidamente. A passagem de ida mais barata de Moscou para Dubai custa, agora, mais de 6.200 dólares.
Além disso, agentes de fronteira nos aeroportos russos começaram a verificar as passagens de volta de passageiros do s e x o masculino.
Algumas cidades russas têm trens para o Cazaquistão. Um homem de 28 anos disse ao The Guardian que cerca de 80% das pessoas a bordo eram homens russos com idades entre 20 e 45 anos.
Imagem: David Becker/Unsplash
Cerca de 98 mil cidadãos russos entraram no Cazaquistão, sozinhos, desde 21 de setembro, segundo o departamento de migração do Ministério do Interior do Cazaquistão.
Os temores continuam a crescer, depois que o site independente Novaya Gazeta Europe informou, com base em fontes do governo, que os decretos de mobilização permitem que o Ministério da Defesa convoque um milhão de pessoas, em vez das 300 mil anunciadas pelo ministro da Defesa do país, Sergei Shoigu.
Várias mulheres, principalmente médicas, também decidiram deixar o país, depois de rumores de que profissionais de saúde também estavam a ser chamados para o o front.
Famílias inteiras têm tentado abandonar o país. “Estamos vendo um êxodo ainda maior do que quando a guerra começou”, disse Ira Lobanovskaya, que fundou a ONG “Guia para o Mundo Livre”, para ajudar os russos contra a guerra a deixarem o país.