Os animais também têm consciência, dizem cientistas
Uma declaração assinada em abril de 2024, por 287 cientistas e filósofos, chamada "Declaração de Nova York sobre Consciência Animal", ampliou o apoio científico à existência da consciência animal, informou a revista Quanta.
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Este grupo de especialistas disse à revista que a declaração começou a tomar forma no ano passado, após conversas sobre pesquisas recentes que apontam que há muitas espécies de animais com sinais de consciência.
Embora anteriormente o consenso científico fosse de que apenas animais semelhantes aos humanos, como os macacos, tinham consciência, pesquisas recentes sugerem que muitos outros animais, incluindo insetos e cefalópodes, também aparentam ser conscientes.
A investigação demonstrou que os polvos evitam a dor, os chocos lembram-se de detalhes de acontecimentos passados e os lagostins podem apresentar estados “semelhantes à ansiedade”, podendo ser alterados por medicamentos ansiolíticos, relatou a BBC.
Uma espécie de peixe chamada bodião-limpador pareceu passar no “teste do espelho”, segundo o Instituto Max Planck de Comportamento Animal. No teste, os animais mostram sinais de autoconsciência, reconhecendo-se.
Outros animais que passaram no “teste do espelho” incluem orcas, orangotangos, gorilas, chimpanzés, golfinhos, elefantes e pegas.
Um estudo de 2022, publicado na revista veterinária Frontiers, mostrou que o peixe-zebra participa voluntariamente de oportunidades de estimulação cognitiva. Quando apresentado a um determinado objeto, por exemplo, busca conhecê-lo melhor, algo que pode ser chamado de curiosidade.
Outro estudo de 2022 mostrou que as abelhas apresentam comportamentos lúdicos. No Laboratório de Ecologia Sensorial e Comportamental das Abelhas, em Londres, as abelhas receberam pequenas bolas de madeira e começaram a empurrá-las e girá-las. Essa ação lúdica não tinha ligação óbvia com acasalamento ou sobrevivência, e não foi recompensado pelos cientistas.
Todos esses comportamentos, como a brincadeira, curiosidade, memória e autoconsciência, são uma parte importante da consciência. Embora haja debates sobre a definição do termo, estas descobertas levam os especialistas a redefinir o consenso sobre a consciência animal.
O dicionário Oxford define consciência como “o estado de estar consciente e responsivo ao que o rodeia”. Pode-se argumentar que este conceito ajusta-se bem ao que a pesquisa revelou sobre os animais.
Foto: Ranae Smith/Unsplash
A investigação, juntamente com a declaração assinada por especialistas, pode ter implicações no tratamento dos animais, especialmente na prevenção do sofrimento animal, afirmaram.
Não seria a primeira vez que descobertas científicas desencadeariam novas políticas. Estudos científicos anteriores resultaram na criação de alguns padrões para o tratamento de ratos de laboratório, por exemplo.
Além disso, a Grã-Bretanha promulgou uma legislação, em 2021, para aumentar a proteção de polvos, caranguejos e lagostas. Um relatório da London School of Economics indicou que esses animais podem sentir dor, angústia ou danos.
Os ativistas dos direitos dos animais há muito falam sobre o especismo, que é a prática de tratar membros de uma espécie como moralmente mais importantes do que membros de outras espécies, e a crença de que essa prática é justificada.
Por que os humanos têm o direito de usar animais como ferramentas ou alimentos? Por que algumas espécies são consideradas dignas de compaixão e outras não? Compreender que seus pensamentos e sentimentos são semelhantes aos nossos pode fomentar maior empatia no futuro.
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