Os preços vão continuar subindo no Brasil?
Nos últimos tempos, o Brasil vem enfrentando uma alta de preços histórica, com grande impacto no dia a dia da população. Mas, afinal, o custo de vida vai continuar subindo? Até quando?
Com o cenário internacional instável, é difícil fazer projeções. A inflação é justamente um dos índices que mais preocupa o consumidor, que vê seu poder de compra diminuir, mês a mês.
Segundo a Agência de Notícias do IBGE, nos dois primeiros meses de 2023, a alta que mais chamou a atenção foi na Educação (6,28%), refletindo o reajuste de preços que costuma ocorrer no começo do ano letivo. O ensino médio liderou a alta, com aumento de 10,28%.
Em geral, itens como transporte, habitação e comunicação também tiveram alta, quando comparados com os meses anteriores. Apenas os produtos de vestuário sofreram queda de preços, com a segunda baixa consecutiva, fechando fevereiro em -0,24%.
No supermercado, o preço das carnes baixou e ficou em -1,22%. O corte que mais caiu foi a picanha (-2,68%), para a alegria dos churrasqueiros de plantão. Mesmo com a redução dos custos da carne vermelha, o grupo de alimentação teve leve alta de 0,16%.
Mas como é calculada a inflação e como prever o cenário para os próximos meses? Este tipo de projeção não é tão simples. Para calcular as estimativas, economistas levam em consideração tanto fatores nacionais, como o preço de produtos internos, como internacionais, como a variação do dólar.
Para medir o preço interno de produtos e serviços, podendo fazer estimativas futuras, o governo federal usa o IPCA como marcador oficial de inflação, o chamado Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Este índice é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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O IBGE explica: "Fazemos um levantamento mensal, em 13 áreas urbanas do país, de, aproximadamente, 430 mil preços em 30 mil locais. Todos esses preços são comparados com os preços do mês anterior, resultando num único valor que reflete a variação geral de preços ao consumidor".
Em fevereiro de 2023, por exemplo, o IPCA foi de 0,84%, ou seja, o preço de produtos e serviços aumentou, em média, 0,84%, com relação ao mês anterior.
Os itens de higiene pessoal subiram 2,8%, enquanto os planos de saúde aumentaram 1,2%. Nas residências, a energia elétrica teve alta de 1,37%.
Para quem quer acompanhar a tendência de preços e poupar na hora certa, a Agência de Notícias do IBGE divulga um relatório mensal, que informa economistas e consumidores sobre a atual situação dos preços no país.
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Em 2022, a inflação fechou em alta de 5,79%, mas foi inferior ao registrado em 2021, período em que a alta foi de 10,06%.
Em outras palavras, os preços tendem a subir, mas com um ritmo mais lento. Para o ano de 2023, a expectativa é de que a inflação fique um pouco abaixo de 2022, com alta de 5,31%. Esta é a primeira estimativa oficial de 2023, feita pelo Ministério da Fazendo, com base nos dados do IPCA.
Na foto, Fernando Haddad, Ministro da Fazenda.
Mesmo que cumpra com a estimativa do governo, a inflação ainda ficará acima da meta estabelecida para 2023, que é de 3,25%, com tolerância de 1,5%. O governo Lula quer aumentar a meta para 3,5%, para evitar a subida de juros.
Já para o ano de 2024, a estimativa de inflação é mais baixa, de 3,52%, número divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE). Já a meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3%.
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A tendência dos preços é manter-se mais estável que nos últimos dois anos, mas será necessário cautela, já que o cenário internacional ainda é instável.
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Outro elemento fundamental que interfere nos preços do Brasil é a desvalorização do real em relação ao dólar. Nos últimos anos, isso fez com que os preços de grãos, combustível e gás de cozinha, por exemplo, ficassem mais caros.
Isso acontece porque estas commodities são cotadas em dólares. Em resumo, os produtores preferem vender para fora do país e ganhar em dólar, aumentando seu lucro. Infelizmente, isso prejudica o mercado interno, pois gera um desequilíbrio entre a oferta e a demanda.
O aumento da exportação fez com que, no mercado interno, houvesse menor oferta que demanda. O que acontece é: muita gente procura o mesmo produto, mas não há o suficiente para todos, então seu preço sobe.
Por outro lado, se há excesso de um determinado item, seu preço cai. A empresa de consultoria Safras & Mercado estima que o preço final da carne vai baixar 20% em 2023. A CNN Brasil informou que a queda deve-se à maior oferta de animais para o mercado interno.
A Revista Investe citou a secretária de Política Macroeconômica do Ministério da Fazenda, Raquel Nadal, que informou que haverá desaceleração dos preços de alimentos para 2023.
Ainda segundo a Revista Investe, mesmo tendo apresentado um relatório detalhado sobre as estimativas econômicas para 2023, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que, ao longo do ano, haverá mais clareza sobre as projeções futuras.
A Secretaria de Política Econômica (SPE) anunciou a criação da Subsecretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDES). O governo quer buscar estratégias que permitam a transição para uma economia inclusiva de baixas emissões, focando no desenvolvimento de tecnologias verdes e na redução da desigualdade social, de raça e de gênero.
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