Os relatos oficiais sobre OVNIs nos Estados Unidos e Canadá

O assunto OVNI é uma fonte inesgotável de fascínio. Entre os capítulos mais recentes está uma série de imagens e vídeos de "fenômenos aéreos inexplicáveis" que foram exibidos em nada menos que o Congresso dos Estados Unidos.

O que antes era material classificado foi exposto, em 2022, na primeira audiência pública sobre avistamentos de OVNIs no país em 50 anos. The Washington Post descreveu o momento como "testemunho histórico".

O vice-diretor de Inteligência Naval dos Estados Unidos, Scott W. Bray disse, durante sua apresentação, sobre uma das imagens: "Não tenho uma explicação do que é esse objeto".

Uma das imagens foi captada por uma câmera de visão noturna do Comando de Sistemas Aéreos Navais dos EUA. Trata-se de uma espécie de objeto triangular que sobrevoa o céu dos Estados Unidos, e para por um momento. Conforme explicado por Scott W. Bray, não parecia ter nenhum sistema de propulsão, mas, eventualmente, pisca e desaparece.

Imagem: Comando do Sistema Aéreo Naval

Num segundo exemplo, segundo a explicação do subdiretor de inteligência naval, as imagens teriam sido captadas por uma aeronave militar que operava em campo de treinamento. Um objeto esférico atravessou rapidamente e foi visto da cabine.

Imagem: Comando do Sistema Aéreo Naval

Scott W. Bray enfatizou que as equipes de inteligência dos EUA ainda não descobriram nada de "origem não-terrestre" em nenhum desses "incidentes". Nunca obteve-se material orgânico, inorgânico ou restos inexplicáveis, e não houve tentativa de estabelecer comunicação com estes objetos. "Ainda", lembra.

Os congressistas americanos mostraram preocupação com a possiblidade de que os OVNIs fossem uma espécie de tecnologia desconhecida de outros países para ameaçar à segurança dos Estados Unidos. No entanto, a possível origem extraterrestre dos objetos das imagens não deixou ninguém indiferente.

De fato, o subsecretário de Defesa para Inteligência e Segurança, Ronald Moultrie (foto), deixou espaço para o mistério ao também admitir, segundo a BBC News, que não havia uma explicação razoável para alguns incidentes do seu banco de dados.

Mas esses incidentes enigmáticos são minoria. De acordo com Ronald Moultrie, a maioria dos avistamentos de OVNIs relatados pode ser explicada. "Quaisquer objetos que encontramos, provavelmente, podem ser isolados, caracterizados, identificados e, se necessário, mitigados", disse ele.

"Há um pequeno punhado (de eventos) em que há características de voo que não podemos explicar com os dados que temos disponíveis. Esses são obviamente os que mais nos interessam", disse Bray.

Os militares dos Estados Unidos garantem que os objetos que protagonizaram esses UAP (sigla em inglês para fenômenos aéreos inexplicáveis),  registrados nesse banco de dados, parecem não ter meios de propulsão, algo tecnicamente impossível de decifrar.

De acordo com informações publicadas pela BBC News, nos Estados Unidos existe um banco de dados oficial no qual são descritos cerca de 400 incidentes envolvendo OVNIs. Um total de 11 deles quase terminaram em acidentes com aviões americanos. Muitos eventos semelhantes também ocorreram no Canadá.

Os relatos sobre vida extra terrestre geraram muitas lendas urbanas, ao longo dos anos. A famosa Área 51, por exemplo, a base militar ultra-secreta localizada no deserto do Estado de Nevada, deu origem a inúmeras teorias da conspiração, como a que abriga restos de autênticos alienígenas.

A Área 51 tornou-se um mito devido aos voos de seus aviões supersônicos, mas, acima de tudo, após o incidente registrado em 1947, em Roswell, Novo México. Lá, foi encontrado um estranho artefato que foi rapidamente relacionado com uma possível visita extraterrestre.

Além disso, em 1989, um homem chamado Bob Lazar afirmou ter trabalhado na Área 51, onde teria visto fotos de alienígenas. Ele assegurou que o governo dos Estados Unidos usou as instalações para examinar OVNIs. No entanto, o trabalhador nunca apresentou provas conclusivas sobre isso.

Seth Shostak, astrônomo do Institute for the Search for Intelligent Extraterrestrial Life, sustenta, segundo a BBC, que a evidência da existência de OVNIs ou da presença extraterrestre na Área 51 é "pobre e anedótica". “Testemunhas oculares são o pior tipo de evidência que pode haver, são evidências abaixo do padrão”, diz ele em um vídeo de sua organização.

Mas há outros casos que deram o que falar. No Canadá, um suposto OVNI teria caído na costa atlântica, diante dos olhos de alguns pescadores, em outubro de 1967. Foi o chamado 'incidente de Shag Harbor', que até motivou a Real Casa da Moeda a emitir um selo comemorativo.

Imagem: Shag Harbour UFO Incident Society

A febre pela ufologia no Canadá levou até mesmo à construção de uma pista de pouso de OVNIs em St. Paul, uma pequena cidade em Alberta. Trata-se de uma plataforma elevada de 30 toneladas construída em 1967, ideada pelo ex-prefeito da cidade, Jules Van Brabant e inaugurada por Paul Hellyer, ex-ministro da Defesa Nacional.

Imagem: Site oficial da prefeitura de St Paul

O fato é que as últimas notícias sobre "fenômenos aéreos inexplicáveis", mais uma vez, abrem caminho para pensar na possibilidade de, em algum momento, recebermos visitas provenientes do espaço interestelar.

Avi Loeb, a pessoa que presidiu o Departamento de Astronomia de Harvard por mais tempo, disse em entrevista ao The Independent, que está convencido de que a humanidade encontrará alienígenas e que ele poderá ser testemunha disso.

Em seu livro de 2021, 'Extraterrestrial: The First Sign of Intelligent Life Beyond Earth', Avi Loeb arrisca dizer que Oumuamua, uma rocha espacial do tamanho de um campo de futebol e visível da Terra durante apenas 11 dias, poderia ser algum tipo de tecnologia construída por alienígenas e não um cometa ou um asteróide.

Avi Loeb explicou ao The Independent que "as dimensões extremas de Oumuamua, brilho desconcertante, movimentos semelhantes a naves e aceleração espetacular de 87 quilômetros por segundo quando deixou o sistema solar" o convenceram de que foi o primeiro avistamento confirmado pela humanidade de vida extraterrestre inteligente.

A última vez que essas questões foram discutidas no Congresso dos Estados Unidos havia sido em 1966, em duas sessões convocadas por Gerald Ford (que anos depois se tornaria presidente). Era uma época em que falava-se de um avistamento ocorrido em Michigan, com numerosas testemunhas.

A investigação sobre esse incidente foi chamada pela Força Aérea dos EUA como 'Projeto Livro Azul'. Em um primeiro momento, o acontecimento foi atribuído ao "gás do pântano". Finalmente, concluiu-se que não era possível determinar que objeto havia sido visto, mas que não supunha uma ameaça à segurança do país.

O próximo capítulo veio em 2017, quando vários meios de comunicação dos EUA, como The New York Times, CNN e The Washington Post, relataram que o Pentágono tentava investigar avistamentos de OVNIs por pilotos do exército quase "diariamente" e que inclusive, teriam interferido nas instalações de armas nucleares.

Após um pedido do Congresso dos Estados Unidos em 2020, o governo de Donald Trump prometeu publicar um relatório com informações sobre avistamentos de OVNIs, após vários casos inexplicáveis nas últimas duas décadas.

Apenas um ano depois, em 2021, o Diretor de Inteligência Nacional dos EUA divulgou um documento que dizia não haver explicação para dezenas de incidentes com OVNIs.

Seriam os OVNIs uma mostra de tecnologia extraterrestre ou um trabalho de infiltração de potências estrangeiras? Para mentes racionais, a explicação extraterrestre não é sólida. Mas há o lema do famoso pôster que o agente Mulder ('Arquivo X') usava em seu escritório do FBI: "I want to believe" ("Eu quero acreditar").