Países que têm armas nucleares
O presidente russo, Vladimir Putin, colocou o mundo novamente em alerta. Há o temor de que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia possa ser o início de uma terceira guerra mundial. Isto significaria um cenário catastrófico, já que os armamentos atuais são capazes de destruir o planeta completamente. Afinal, quais países têm bombas desse tipo?
Oficialmente, existem nove países com a posse de armas nucleares. Além disso, há a suspeita de que algumas nações menores também tenham armamentos com a mesma tecnologia.
A Rússia é a maior potência nuclear do mundo. Isto significa que seria capaz de realizar um ataque fatal contra qualquer país inimigo, independente da sua localização geográfica. Suas armas, as chamadas ogivas nucleares, podem alcançar longas distâncias, de forma extremamente precisa.
De acordo com os últimos dados publicados pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), o país tem 6.257 ogivas nucleares prontas para uso. Especialistas apontam que a força armamentícia do país é quase exclusivamente baseada neste tipo ferramenta.
Na prática, a Rússia nunca usou seu arsenal num confronto direto. No entanto, na época da URSS, realizou-se um grande número de testes, incluindo os atmosféricos, os submarinos e os subterrâneos, entre 1949 e 1990.
Imagem: primeiro teste atômico da URSS em 29 de agosto de 1949.
Somente os Estados Unidos usaram a tecnologia nuclear num confronto direto. Como todos sabem, o país lançou duas bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de 1945.
Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos realizaram testes com armas nucleares, entre 1946 e 1963. Há imagens impressionantes das explosões, no deserto de Nevada, no Novo México, no Alasca e no Oceano Pacífico.
Imagem: Teste nuclear dos EUA no Atol de Bikini.
Atualmente, os Estados Unidos são o segundo país do mundo, depois da Rússia, com maior número de armas nucleares. De acordo com o SIPRI, possuem cerca de 5.600 ogivas implantadas. Além disso, têm mísseis hipersônicos capazes de carregar tais armamentos.
A China pode ser classificada como uma potência nuclear, embora seu estoque seja muito inferior ao dos seus concorrentes. Juntos, estadunidenses e russos possuem 90% do arsenal disponível no mundo. Estima-se que a China poderia ter até 350 ogivas nucleares operacionais. Foi o primeiro país asiático a desenvolver e testar este tipo de arma, desde 1967.
Dentro da sua estratégia de expansão militar, a China também quer competir no campo das armas atômicas. Em agosto de 2021, o país testou um míssil hipersônico de longo alcance, fato que preocupou os Estados Unidos.
A força atômica francesa é baseada em seus submarinos. Além disso, a França conta com um número desconhecido de mísseis para sua força aérea. Segundo o SIPRI, é a quarta potência da lista, com 290 ogivas nucleares.
Imagem: um dos muitos testes de bombas atômicas realizados pela França em Mururoa.
Assim como a França, o Reino Unido despensou sua força nuclear terrestre e, atualmente, todo o seu arsenal está no mar, com pouco menos de 170 ogivas nucleares ativas, e em bombardeiros aéreos.
É o quinto país em número de bombas deste tipo - à frente do Reino Unido. O SIPRI estima que possua 165 ogivas nucleares para dois tipos de mísseis, nenhum deles de longo alcance.
O Paquistão é a única potência nuclear islâmica do mundo. Apesar de ser difícil saber o que realmente ocorre no país, pois seu programa nuclear é clandestino, estima-se que possa ter entre 90 e 110 armas com alto poder destrutivo. Seu conflito com a Índia é visto como um perigo para todo o mundo, já que ambos países têm armas deste tipo.
Não sabe-se ao certo qual o tipo de armamento que o país possui. Supostamente, teria um arsenal nuclear, já que, em 2016, realizou um teste com uma bomba de hidrogênio. Segundo os dados do SIPRI, há 45 ogivas nucleares em seu território.
Israel é outra potência nuclear não declarada. Estima-se que o país poderia ter entre 100 e 200 ogivas operacionais, embora algumas fontes elevem este número a 400 ou a 500.
Existem vários países membros da OTAN que não possuem armas nucleares em seus territórios, mas as armazenam nos Estados Unidos. Poderiam usá-las em caso de necessidade, o que é conhecido como "compartilhamento nuclear". Fazem parte deste grupo: Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos e Turquia.
Nos últimos anos, o país tem sido um dos mais controversos com relação a armas nucleares. Foi acusado pelos Estados Unidos de possuir bombas atômicas, e, diante disto, declarou que seu programa nuclear tem fins civis, apenas.
Assim como o Irã, há outros países acusados de terem programas nucleares clandestinos. É o caso da Arábia Saudita, suspeita de receber, do Paquistão, assistência e, até mesmo, armas de alta destruição.
Durante o conflito com o Azerbaijão, em 2016, seu ex-primeiro-ministro, Hrant Bagratyan, garantiu que “armas nucleares já foram criadas na Armênia". A afirmação foi negada por outras autoridades armênias, que falavam em "fins pacíficos".
A Ucrânia, a Belarus (Bielorrússia) e o Cazaquistão herdaram armas nucleares da ex-URSS, após sua desintegração. No entanto, estas armas não duraram muito em seu poder, pois foram entregues à Federação Russa, sob pressão de Moscou, Paris e Washington, que concordaram em desmantelar o arsenal herdado.
Os sul-africanos foram os primeiros a deixar de construir suas próprias armas nucleares. Chegaram a ser produzidas, pelo menos, dez bombas atômicas de urânio enriquecido, e seus primeiros testes foram feitos em 1977. No entanto, todo o arsenal foi destruído, junto com os planos de sua fabricação.
Durante a ditadura de Franco, foi lançado o Projeto Islero, um programa nuclear que tinha por objetivo dissuadir o Marrocos de possíveis interesses nas regioeõs de Ceuta, Melilla e Sahara Ocidental. No entanto, em 1987, o programa foi descartado pelo PSOE, quando o Tratado de Não-Proliferação Nuclear foi assinado.
(Foto do então presidente Felipe González, em 1987).
Além da Espanha, estes países também tiveram programas nucleares não concretizados: Alemanha nazista, Argélia, México, Argentina, Venezuela, Brasil, Austrália, Egito, Iraque, Líbia, Romênia, Polônia, Suécia, Suíça, Iugoslávia, Sudão, Síria, Taiwan, Tailândia e Coreia do Sul.
A tensão gerada pela questão das armas com alto poder de destruição levou um grande número de países a assinar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, em 1968. A iniciativa visava restringir e impedir o crescimento desse tipo de armamento. O tratado foi acatado por quase todos os países do mundo, exceto Índia, Israel, Paquistão e Coreia do Norte.
O conflito na Ucrânia, iniciado pela maior potência nuclear do mundo, a Rússia, convida-nos a refletir sobre os poderes de destruição criados pelo homem. Um tratado de paz é urgente. Afinal de contas, uma guerra nuclear significaria o fim da humanidade.