Preocupação com risco de desastre nuclear na maior usina da Europa
Localizada na parte sul da Ucrânia, a usina nuclear de Zaporizhzhia é a maior da Europa. A instalação tem sido foco de disputa entre as tropas russas e ucranianas, e a comunidade internacional preocupa-se com o risco de um sério acidente.
A usina nuclear está localizada na cidade de Enerhodar, na província de Zaporizhzhia. Fica a leste do rio Dnipro, próximo à região de Donetsk e ao longo da costa ucraniana, onde há o objetivo de abrir um corredor para conectar o território russo à península da Crimeia.
Não foi de surpreender o fato da Rússia ocupar a província de Zaporizhzhia, assim que invadiu a Ucrânia, em fevereiro.
A BBC relata que as forças russas assumiram a usina nuclear no início de março. Lá, técnicos ucranianos estariam trabalhando sob forte pressão, devido à presença armada das tropas invasoras.
Trabalhadores de usinas nucleares entrevistados pela BBC comentaram que trabalham com comunicação limitada e vigilância permanente. Eles descrevem -se como “reféns” dos soldados russos.
Na foto: Civis evacuados de Enerhodar, alguns deles trabalhadores de usinas nucleares.
Segundo a CNN, a Ucrânia acusou Moscou de usar a usina como “um escudo” para armazenar tropas, armas e lançar ataques. Assim, impossibilita o país invadido de revidar, por medo de atingir um dos seis reatores de Zaporizhzhia.
Moscou, por outro lado, acusou a Ucrânia de bombardear a instalação nuclear, sem qualquer consideração pelas medidas de segurança.
Qualquer falha de objetivo de ambos os lados poderia causar um desastre nuclear que afetaria toda a Europa ou, inclusive, o mundo inteiro.
Afinal, o desastre nuclear de Chernobyl, em 1986, ainda permanece na memória de todos, principalmente da Ucrânia.
Durante os estágios iniciais da guerra, já havia alerta de que as tropas russas, que vinham do norte em direção a Kiev, perturbassem a zona de exclusão que cerca os restos da usina nuclear de Chernobyl.
A agência de energia atômica das Nações Unidas, chefiada por Rafael Grossi (foto), disse estar “extremamente preocupada” com a situação em Zaporizhzhia.
Segundo a BBC, há relatos de ataques de mísseis que afetaram o funcionamento das unidades de energia, levando ao risco de vazamento radioativo. No entanto, essas alegações não puderam ser comprovadas.
“Lamentavelmente, em vez de desescalada, nos últimos dias, houve relatos de mais incidentes profundamente preocupantes, que podem, se continuarem, levar a um desastre”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em comunicado.
Em 15 de agosto, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, conversou com Guterres, garantindo a operação segura da usina nuclear de Zaporizhzhia.
Enquanto isso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu aos ucranianos nas áreas ocupadas que fiquem longe das instalações militares russas.
"Peço agora a todo o nosso povo na Crimeia, em outras regiões do sul da Ucrânia e em áreas ocupadas na região de Donbas e Kharkiv que tenham muito cuidado”, disse Zelensky durante um discurso citado pela CNBC.